Acelerador de partículas bate novo recorde mundial de energia.

Geração de 8 teraelétron-volts aumenta potencial da máquina de encontrar as partículas.
O Grande Colisor de Hádrons (LHC), do Laboratório Europeu de Física Nuclear (CERN), rompeu na madrugada desta quinta-feira (5) um novo recorde mundial de energia, apenas seis semanas depois de ter voltado a funcionar após uma parada técnica para manutenção.
Pouco após a meia-noite (horário local), dois feixes de prótons que circulavam em direções opostas dentro do anel do LHC colidiram “ao nível de quatro pontos de interação”, gerando uma energia recorde de 8 TeV (teraelétron-volts), comunicou o CERN.
Este resultado “aumenta consideravelmente o potencial de descobrimento da máquina”, acrescentou a instituição.
O objetivo do experimento é fazer com que surjam das colisões entre prótons a uma energia tão elevada novas partículas cuja existência tenha sido enunciada em tratados teóricos, mas que nunca foram vistas.
A mais procurada é, sem dúvida, o Bosón de Higgs, a partícula sobre a qual repousam as bases do modelo padrão da física e que é, por enquanto, a única explicação disponível sobre uma questão tão fundamental como a origem da matéria.
“Graças à experiência adquirida nos dois anos de exploração frutífera a uma energia de 3,5 TeV por feixe, pudemos elevar de maneira sensível a energia este ano”, comentou o diretor dos aceleradores e tecnologia do CERN, Steve Myers.
A ideia inicial era fazer os prótons no interior do LHC viajarem em 2012 a uma energia de 3,5 TeV, mas o ótimo rendimento da máquina durante o ano passado convenceu os cientistas de que valia a pena aumentar a intensidade para 4 TeV.
Graças a esta aposta, a energia acumulada de colisão chegou agora a 8 TeV, que jamais fora alcançada em nenhum outro experimento.
Este avanço multiplica a possibilidade de descobrir certas partículas hipotéticas, como as chamadas “supersimétricas”, que, segundo as previsões, são produzidas em muito maior número a uma energia mais alta.
A supersimetria é uma teoria da física de partículas que vai além do atual modelo padrão e que poderia explicar a presença da matéria escura no Universo.
Da mesma forma, a 8 TeV a partícula de Higgs, se existir, será produzida em maior quantidade que se a máquina funcionasse apenas aos 7 TeV previstos anteriormente.
O risco é que também aumentem outro tipo de “sinais” que poderiam eventualmente ser confundidos com dita partícula, pelo que os pesquisadores consideram que se requer pelo menos um ano completo de exploração “para transformar os índices promissórios observados em 2011 em descobertas ou excluir definitivamente o Bóson de Higgs do modelo padrão”, indicou o CERN.
Em dezembro, equipes do LHC focadas em buscar partículas novas anunciaram os resultados obtidos até então, que davam indícios da presença do Bóson de Higgs, mas a um nível estatístico ainda insuficiente para proclamar a grande descoberta.

Fonte: Uol