Primeiro voo privado à Estação Espacial poderá ser realizado no dia 30

A Nasa aposta agora no setor privado para levar astronautas à estação orbital.

A empresa americana SpaceX está muito perto de realizar o primeiro voo privado à Estação Espacial Internacional (ISS), com “boas possibilidades” de realizar o lançamento de uma cápsula de carga não tripulada, previsto para 30 de abril, indicou nesta semana a Nasa (agência espacial americana).

“Tudo caminha bem conforme nos aproximamos da data de lançamento de 30 de abril”, disse Bill Gerstenmaier, responsável pelos programas espaciais da Nasa, mas advertiu que há muito a ser feito antes da partida.

Há “boas possibilidades” de que o lançamento seja neste dia, insistiu durante uma coletiva de imprensa, na qual se disse “impressionado pelo trabalho realizado”.

Gerstenmaier fez estas declarações após uma reunião de mais de quatro horas no Centro Espacial da Nasa em Houston, Texas (centro-sul), entre os responsáveis pela missão da Nasa e a empresa Space Exploration Technologies (SpaceX).

O especialista informou que há uma nova reunião prevista para o dia 23 de abril para voltar a revisar os preparativos deste primeiro voo de testes da cápsula Dragon da SpaceX, antes de dar luz verde definitiva ao lançamento.

Entre outras coisas, os engenheiros da Nasa verificam o software da SpaceX para assegurar a compatibilidade com os da ISS.

O lançamento da cápsula Dragon, propulsada pelo foguete Falcon 9 da SpaceX, está previsto a partir da base aérea de Cabo Cañaveral, Flórida (sudeste), perto do Centro Espacial Kennedy da Nasa.

A cápsula Dragon – que pesa cerca de seis toneladas e mede 5,2 metros de altura e 3,6 metros de diâmetro – será, se tudo correr como o planejado, a primeira nave espacial privada a se acoplar à ISS.

Para este primeiro acoplamento, os astronautas a bordo da estação orbital utilizarão o braço robótico para ter acesso à cápsula Dragon.

Dragon fará as mesmas manobras de aproximação da ISS que as naves espaciais de carga automática ATV europeia e HTV japonesa, efetuando, antes do acoplamento, um sobrevoo da ISS a uma distância de 2,5 km, aproximando-se depois.

Uma vez concluída a missão, a Dragon vai se desacoplar para retornar à Terra. Sua aterrissagem está prevista no Oceano Pacífico em frente à costa da Califórnia (oeste).

Elon Musk, fundador da SpaceX, que fez sua fortuna na internet com a firma PayPal, reconheceu durante uma coletiva de imprensa a dificuldade de um acoplamento entre duas naves espaciais, enquanto a ISS e a Dragon avançam cada uma a 27.000 km/hora.

“Acredito que é importante perceber que é complicado”, disse.

Mas disse estar cautelosamente otimista sobre as possibilidades de êxito do acoplamento, afirmando que a SpaceX já lançou o Falcon 9 com sucesso em duas ocasiões, além de colocar em órbita o Dragon e retorná-lo à atmosfera terrestre em 2010, um marco para o setor privado.

Em caso de falha, o SpaceX prevê um segundo voo de testes à ISS.

Com o fim do programa de três décadas de ônibus espaciais dos Estados Unidos, que ajudaram a construir a Estação Espacial Internacional, a Nasa aposta agora no setor privado para realizar a menor custo o abastecimento e transporte de astronautas à estação orbital.

A ideia é que, a partir de agora, a agência espacial americana se dedique totalmente à exploração do espaço profundo.
Para o envio de carga à ISS, a Nasa selecionou, além da SpaceX, a Orbital Sciences Corporation, sob um contrato estimado em 3,5 bilhões de dólares.

A Nasa também distribuiu 270 milhões de dólares às empresas consideradas mais promissoras para o transporte de astronautas. Estas são, além da SpaceX, a Boeing, Sierra Nevada e Blue Origin.

Desde o último voo de um ônibus espacial, em julho de 2011, a Nasa depende, ao menos até 2015, das naves russas Soyuz para transportar astronautas à ISS.

Fonte: Uol