Nave pioneira da Nasa toma seu lugar de descanso com o fim do programa da agência espacial americana
Enterprise (E) e Discovery se encontraram na quinta-feira (19) em Washington
O Enterprise, o primeiro ônibus espacial da Nasa, chegou segunda-feira (23) a Nova York. Ao voar pela última vez, a pioneira aeronave saiu do aeroporto John F. Kennedy e foi transportada para o seu novo lar, o Museu de Ar, Mar e Espaço Intrepid, instalado dentro de um antigo porta-aviões. Convidados especiais, que vão de líderes comunitários e crianças de escolas das áreas, compareceram para receber a nave.
A viagem da Enterprise é apenas mais um passo na aposentadoria dos ônibus espaciais. As demais também estão indo para seus locais de descanso. A Discovery já tomou o lugar da Enterprise no Smithsonian em Washington. A Endeavour irá para o Centro Espcial da Califórnia. A Atlantis tomará o rumo do Complexo de Visitantes do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. As outras duas naves do projeto se perderam: a Challenger, em 1986, explodiu no ar pouco depois da decolagem, matando sete tripulantes. A Columbia se despedaçou na reentrada em 2003.
O ônibus espacial Enterprise (ou OV-101, de veículo orbital) foi o protótipo da Nasa para seu programa de ônibus espaciais. A diferença entre essas naves e as da geração que aterrissou na Lua está na sua reutilização: a nave podia ser usada numa nova missão.
Inicialmente, o Enterprise foi construído sem motores para realizar testes de aproximação e aterrisagem. Estava previsto que seria o segundo ônibus espacial a voar ao espaço, após o Columbia. Contudo, foi mantida a decisão de não modificar o Enterprise em sua configuração para testes.
Deste modo ele ficou, basicamente, como um veículo de provas de pouso e de aerodinâmica, realizando várias missões em cima de um Boeing 747 adaptado, para fornecer dados sobre o comportamento dos ônibus espaciais durante o voo e pouso.
A campanha pelo nome.
Originalmente, o OV-101 deveria ser chamado Constituição, devido às celebrações do bicentenário americano – ele foi construído em 1976. No entanto, uma campanha maciça organizada por fãs do seriado de TV Jornada nas Estrelas produziu mais de 200.mil cartas pedindo ao presidente Gerald Ford para nomear o veículo como Enterprise, em homenagem à série de TV, cuja legião de adoradores persiste até hoje.
Em 17 de setembro de 1976, o Enterprise saiu do hangar da fábrica da Rockwell, Califórnia para uma cerimônia em reconhecimento da série que deu o seu nome. A maioria do elenco e o criador Gene Roddenberry estiveram presentes.
Em 1985, o Enterprise foi encaminhado ao Instituto Smithsonian na cidade de Washington, onde até quinta-feira (19) estava exposto no Museu nacional do Ar e Espaço, no complexo de museus do Smithsonian. Ele deu seu lugar ao ônibus espacial Discovery. Os dois veículos se encontraram brevemente na quinta-feira, antes de cada um seguir seu destino.
Futuro do programa espacial parece incerto.
As perspectivas para o futuro do programa espacial americano estão cada vez mais incertas. Em 2010, o presidente Barack Obama engavetou o projeto Constellation, que previa a volta do homem à Lua no final da década, e nada mais se comentou desde então.
A substituição dos aposentados ônibus espaciais por naves modernas e potentes está em literal banho-maria devido às incertezas econômicas. Até mesmo os astronautas americanos a bordo da ISS (a Estação Espacial Internacional, da sigla em inglês) precisam pegar “carona” nos foguetes que decolam da estação de Baikonur, no Cazaquistão.
Os candidatos republicanos à Casa Branca tratam o assunto como uma verdadeira caixa preta. Os principais concorrentes, Newt Gingrich e Mitt Romney, têm visões opostas do assunto. Gingrich diz ser um “romântico” que gostaria de ver a volta da época áurea dos americanos no espaço. Romney, por sua vez, diz preferir ver os bilhões de dólares aplicados em mais emprego ou mais habitação para os americanos.
Se dos Estados Unidos a economia não permite esperar muito progresso, da Europa deve-se esperar ainda menos. Afogada em uma crise econômica e uma recessão que só tem precedentes no pré-guerra, a União Europeia mal mantém seus observatórios espaciais e sua participação na ISS.
Por sua vez, a China, que ensaia sua participação na corrida espacial há anos, anuncia a intenção de ter sua própria estação orbital até 2020.
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Fonte: Uol