Após seis meses de trabalho, Julliardy Matoso, Estêvão Fonseca, Bruno Alves e Matheus Magalhães embarcam amanhã, com equipe de mais sete colegas, para a cidade de Marietta, no estado da Geórgia
Monomotor é um dos favoritos.
Um avião com sotaque mineiro vai cruzar os céus dos Estados Unidos nesta semana. A equipe Uai, Sô! Fly!!!, formada por alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), será a representante do Brasil numa competição internacional de aerodesign na cidade de Marietta, no estado norte-americano da Geórgia. A aeronave, projetada, construída e testada nos laboratórios da instituição, no câmpus Pampulha, em Belo Horizonte, vai disputar com mais de 70 grupos da Europa e das Américas o título mundial.
O monomotor controlado por rádio, com envergadura (distância entre as pontas das asas) de três metros e peso de 3,3 quilos é um dos favoritos na competição SAE Aerodesign East Competition, organizada pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (em inglês, Society of Automotive Engineers – SAE), entre os dias 28 e 30 deste mês. Em 2006, a equipe mineira ficou em primeiro lugar na disputa e em 2009 levou a medalha de prata. A participação deste ano foi validada pela vitória na edição nacional da competição SAE Brasil Aerodesign, realizada em outubro, em São José dos Campos (SP).
Amanhã, onze integrantes da Uai, Sô! Fly!!!, todos estudantes dos cursos de engenharia aeroespacial e engenharia mecânica da UFMG, embarcam para os Estados Unidos. “Não há como negar o frio na barriga. Começamos a trabalhar no avião em novembro e a expectativa é de que ele possa alçar voo com uma carga de 16kg, o que é três vezes mais que o peso dele. Na aviação, esse é um desafio grande”, explicou um dos capitães da equipe, Bruno Arruda Alves, de 20 anos, do 7º período de engenharia aeroespacial.
Trabalhando pesado no ajuste final para a montagem do avião batizado de Triton – nome dado em referência a três pontas verticais instaladas na empenagem traseira –, Bruno ressalta a importância do projeto para a formação dos estudantes. “A experiência é essencial para nosso amadurecimento acadêmico, pois temos a chance de aplicar na prática todos os conceitos de sala de aula. O projeto também é um incentivo para a vida profissional e abre muitas portas no mercado de trabalho”, acrescentou o estudante.
Outro capitão da equipe, Estevão Magalhães Fonseca, de 23, aposta no favoritismo do grupo, que vai disputar nas categorias inovação, peso carregado, apresentação oral e relatório técnico descritivo. “Estamos trabalhando até de madrugada para concluir nosso trabalho. Agora, só falta embalar o avião e alcançar o objetivo principal da equipe: vencer”, disse o estudante do 9º período de engenharia mecânica, ao lado dos colegas Bruno, Matheus Magalhães e Julliardy Matoso, todos de 20 anos.
Para o orientador da equipe e professor de projetos de aeronaves da UFMG, Paulo Iscold, nos Estados Unidos desde a semana passada, a primeira vantagem do projeto é o aumento da capacidade dos estudantes de trabalhar em equipe. “Além disso, os projetos de inovação estimulam a criatividade para propor soluções diferentes, o senso de empreendedorismo, as habilidades de administração de recursos e a responsabilidade técnica. Esses fatores dão aos estudantes características essenciais para o mercado de trabalho”, afirmou Iscold, em entrevista recente ao Estado de Minas.
Fonte: Estado de Minas