Brasil perdeu 133 km2 de área de Mata Atlântica em 2011

No ano passado foram desmatados 133 km2 de Mata Atlântica no país, de acordo com o novo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, levantamento do Instituto de pesquisas Espaciais (Inpe) e da ONG SOS Mata Atlântica, anunciado nesta terça-feira (29). Os Estados que mais derrubaram árvores foram Minas Gerais (63,39 km2) e Bahia (46,86 km2), justamente aqueles com maior cobertura remanescente do bioma. Estima-se que restam apenas 7,9% da área original de Mata Atlântica, dispersos em pequenos polígonos pelos estados que vão do Rio Grande do Sul até áreas do Piauí.

O índice representa uma leve queda em relação aos 155,5 km2 referentes à média do último levantamento que contempla 2009 e 2010. Por causa de nuvens e a ocorrência de chuvas, o levantamento mapeou por satélite apenas 10 dos 17 estados com Mata Atlântica, e que representam cerca de 93% das áreas remanescentes do bioma. Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais foram analisados parcialmente.

“Houve uma leve queda, o desmatamento está estável. Mas eu não posso afirmar que parou ou diminuiu o desmatamento, pois na Bahia e Minas, os maiores desmatadores, a análise foi parcial. Se eu tivesse estas informações, provavelmente este número seria maior”, disse Marcia Hirota, coordenadora do projeto pelo SOS Mata Atlântica. Para Marcia, 13 mil km2 é pouco, se comparado com o desmatamento na Amazônia, “mas é muito comparado a um bioma que já perdeu tanto”.

A grande preocupação, conforme o levantamento é o chamado triangulo do desmatamento, formado pelos municípios mineiros de Águas Vermelhas, Jequitinhonha e Ponto dos Volantes. Nesta região, as florestas nativas estão sendo transformadas em carvão e substituídas por eucalipto. “É uma região extremamente critica que está ligada ao setor de siderurgia. Certamente no ano que vem vamos continuar denunciando estas áreas desflorestadas para virar carvão”, disse Márcia.

Mário Mantovanni, diretor de políticas públicas do SOS Mata Atlântica, afirmou que é preciso levar em conta que “dentro de cada forno desses há famílias e crianças trabalhando em condições que incluem o trabalho escravo”.

“O curioso é que Minas Gerais tem as piores e as melhores prática. O Estado tem práticas reconhecidas pelo Protocolo de Kyoto. Isso quer dizer que saber o caminho”, disse durante a apresentação dos resultados.

“Sobrou pouquíssimo da Mata Atlântica. Contamos polígonos de 100 hectares. Não há grandes corredores, apenas áreas fragmentadas. São áreas onde a ocupação não foi possível, pois o homem não conseguiu fazer qualquer atividade. Em outras regiões ou elas estão protegidas por leis ou em reservas particulares (80%)”, explicou Marcia. Para ela, o alerta do estudo é para a situação das matas ciliares e de vegetações próximas a nascentes, que estão em risco.

Lei e árvores derrubadas

Mantovani acredita que a queda do desmatamento na Mata Atlântica se deve à criação da lei da Mata Atlântica, de dezembro de 2006. “Vamos ver qual o vai ser o impacto deste novo Código Florestal. Nós já sentimos seu impacto no nosso trabalho ao perceber que os proprietários não estão mais pedindo aos SOS Mata Atlântica mudas para o reflorestamento e áreas de restauração não são mais chamadas para restauração”.

Para o ambientalista, o Código Florestal é o de menos. “A bancada ruralista toda tem mais de 400 legislações em Brasília que interferem no meio ambiente de cada município”, disse.

Boas notícias

A surpresa do estudo foi o índice em queda dos três Estados da Região Sul, que na última análise (2008-2010) registram retirada da mata nativa de 37 km2 (Santa Catarina), 32 km2 (Paraná) e 18 km2 (rio Grande do Sul). Neste levantamento eles registraram desmatamentos de 5,8 km2, 0,71km2 e 1,1 km2, respectivamente.

O Rio de Janeiro, que já foi um campeão de desmatamento em estudos anteriores, está apresentando queda de desflorestamento. Em 2011 foi 0,92 km2. Para Márcia esta melhora de índice no Rio de Janeiro é dada por causa da criação de Unidades de Conservação, e do apoio da sociedade na criação de Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN).

Fonte: IG