O corpo minúsculo e extremamente leve do mosquito cumpre papel chave para a sobrevivência do inseto quando voa na chuva, segundo cientistas americanos.
A equipe, do Georgia Institute of Technology, na Georgia, Estados Unidos, filmou colisões entre insetos e gotas de chuva.
O filme mostrou que seus corpos oferecem tão pouca resistência que, em vez de a gota de água parar repentinamente, o mosquito simplesmente ‘pega carona’ na gota e os dois continuam a cair juntos.
Os pesquisadores descrevem sua investigação na revista científica Proceedings of the National Academy of Science, PNAS.
Além de ajudar a explicar como insetos sobrevivem em ambientes molhados, o estudo pode, no futuro, ajudar pesquisadores a projetar minúsculos robôs voadores que são tão impermeáveis aos elementos quanto os insetos.
“Espero que isso faça as pessoas pensarem sobre a chuva de forma um pouco diferente”, disse o líder da equipe, David Hu.
“Se você é pequeno, ela pode ser muito perigosa. Mas parece que esses mosquitos são tão pequenos que estão seguros”.
Tai Chi
Hu quer entender todos os “truques” que insetos minúsculos usam para sobreviver.
Após várias tentativas do que ele descreve como o jogo de dardos mais difícil da história, ele e seus colegas conseguiram atingir mosquitos voadores com gotas de água e filmar o resultado.
Cada gota tinha entre duas e 50 vezes o peso de um mosquito, então o que os cientistas viram os deixou surpresos.
Descrevendo os resultados, Hu citou a arte marcial chinesa Tai Chi.
“Existe a filosofia de que se você não resiste à força do seu oponente, você não vai senti-la”, ele explicou.
“É por isso que eles não sentem a força, simplesmente se unem à gota, (os dois) tornam-se um e viajam juntos”.
Quando um objeto em movimento se choca contra outro, a interrupção repentina do movimento produz a força destruidora. Por exemplo, quando um carro viajando a 50 km por hora atinge uma parede, a parede e o carro têm de absorver toda a energia carregada pelo carro em movimento, provocando estragos.
O truque, para um mosquito, é que ele provoca pouquíssima ou praticamente nenhuma diminuição na velocidade da gota e absorve quase nada de sua energia.
Para o pequenino mosquito, no entanto, o drama não termina quando ele sobrevive à colisão com a gota.
Ele ainda tem de escapar do casulo de água antes dele se arrebente contra o chão, a mais de 32 km por hora.
Nesse ponto, entra em ação uma outra técnica de sobrevivência do inseto: os pelos que cobrem seu corpo são impermeáveis à água.
Todos os mosquitos estudados pela equipe americana conseguiram se separar da gota de água antes de ela atingir o solo.
Fonte: BBC Brasil