Conta-se que no dia do casamento de Meimei na Igreja de São José, em Belo Horizonte, apareceu um mendigo, maltrapilho, sujo e cheirando mal. Aproximou se dela e pediu:
“Moça me de uma esmola…” Arnaldo Rocha, o marido, puxou-a delicadamente e disse: “Mas agora? Nós estamos terminando de nos casar.” Meimei, porém, aproximou-se do mendigo e explicou: “Moço, eu nada tenho no momento, nem bolsa eu tenho. A única coisa que lhe posso dar é um beijo.” Abraçou-o e beijou.
Essa narrativa que Wallace Leal Rodrigues conhecido escritor araraquarense colocou no livro Meimei, Vida e Mensagem, da Casa Editora O Clarim de Matão, nos leva a algumas reflexões. Faz-nos pensar como anda a nossa evolução espiritual e como estamos reagindo diante dos nossos semelhantes.
Quando caminhamos pelas ruas e em nossa direção vem um maltrapilho, um andarilho, ou alguém que nos aflige o que pensamos? Lá vem um vagabundo, um desocupado, ou lá vem um filho de Deus que necessita da nossa ajuda, ainda que seja apenas um sorriso ou bom pensamento?
É claro que no mundo em que vivemos, cheio de violências temos que tomar as nossas precauções quanto à segurança. Porém para saber como estamos caminhando espiritualmente, esses acontecimentos são fundamentais. Um sábio da antiguidade disse que a maneira mais eficaz de se melhorar nesta vida é o conhecer-se a si mesmo.
E como nos conhecemos? Quando tudo está bem? Quando todos estão fazendo exatamente aquilo que estabelecemos como normal? Quando estamos juntos daqueles que nos são simpáticos?
Só nos conhecemos realmente nos momentos extremos quando somos colocados a prova. Quando alguém que foge aos padrões de “normalidade” surge em nosso caminho, quando somos destratados publicamente, quando somos feridos nos nossos interesses pessoais, etc.
O nosso entendimento de espiritualidade e de caridade ainda está muito ligado a valores materiais, muito distantes daquilo que Jesus entendia como a verdadeira caridade; que é a benevolência para com todos a indulgência para com as imperfeições alheias e o perdão das ofensas. A caridade não é somente a material, importante também, mas, sobretudo a aquela que contempla a indulgência para com os defeitos alheios, instruindo o ignorante, moralizando o viciado, procurando dar aos necessitados antes mesmo deles pedirem.
É claro que a maioria de nós ainda não tem o desprendimento de Meimei, apelido carinhoso de “Irma de Castro”, que nasceu no dia 22 de outubro de 1922, na cidade de Mateus Leme e faleceu no dia 01 de outubro de 1946, no Estado de Minas Gerais, conhecida hoje no Brasil e no exterior através das belíssimas mensagens enviadas ao médium Francisco Candido Xavier. Mas podemos exercitar a prática do melhor, pois, “pior que um corpo sujo é uma alma podre, sem sentimentos, sem respeito ao próximo, uma alma capaz de tirar a alegria de outras matando os sonhos mais amados”. (Thiago Roberto)
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.