Converse bastante com seus filhos para que eles não se sintam ignorados
Ele morde o amiguinho na escola, bate no irmão, agride os pais, tem acessos de fúria quando contrariado. A violência é uma das armas que a criança usa instintivamente para demonstrar que está carente. “Na maioria dos casos, essa agressividade é uma espécie de pedido de socorro, a criança está querendo mais atenção, e isso pode ser mudado com o amor dos pais”, orienta Maria Abigail de Souza, professora titular do departamento de Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo (USP).
Maria Abigail sabe o que diz. A especialista realizou um trabalho com 14 meninos violentos, entre 9 e 11 anos, vítimas de abandono emocional e social, durante 12 anos. O resultado mostrou que essas crianças se acalmavam ao receber atenção de adultos próximos. “Quando a criança se sente largada, faz barulho para buscar a atenção de que precisa”, avalia.
É necessário admitir que violência gera violência. Por isso, nunca tente combater a agressividade do seu filho com ameaças ou castigos físicos. É preciso dar limite com amor, carinho e diálogo. Calma, mãe, existe luz no fim do túnel. Basta ter paciência para percorrer esse caminho.
Como lidar com o problema em cada faixa etária
Até os 3 anos
A agressividade é uma forma de o bebê manifestar os desejos e a excitação. Se o filho deu um tapinha, segure sua mão e diga, com firmeza: “não pode!”. “Eles já entendem”, esclarece a psicóloga.
De 4 a 7 anos
A criança começa a entender a lei de ação e reação. Coloque de castigo ou tire algo que lhe dá prazer por um tempo determinado (como um programa de TV ou o computador). É fundamental que seja um castigo por um tempo e que ele seja cumprido.
De 8 a 12 anos
Se o comportamento persistir, o caso começa a ficar preocupante e é preciso combater o problema. O castigo é a melhor saída. “E os pais não podem dizer `não’ para algo hoje e `sim’ para essa mesma coisa amanhã”, conta a profissional.
Na adolescência
Se não controlaram o filho antes, nessa fase os pais correm perigo até de apanhar dele. Ainda assim, é preciso manter a autoridade com conversa e dando o exemplo. Se for o caso, peça ajuda a um profissional.
4 sinais de que ele quer sua atenção
Brigas na escola: Se a criança começa a bater nos amigos e a ser malcriada com professores, os pais devem ir à escola, conversar com os profissionais e tentar participar mais da vida do filho.
Arrogância: A criança parece ter prazer em irritar colegas com suas conquistas ou por ter os brinquedos que todos querem. Dê mais carinho.
Falta de autoestima: A criança agride os colegas quando a chamam por algum apelido ou apontam algo que ela não quer enxergar em sua vida. Elogie mais seu filho e mostre a ele, todos os dias, as qualidades que ele tem.
Introspecção: A criança fica mais quieta e se isola. Estimule-a a falar sobre o que sente e tenha paciência para ouvir.
Como agir quando a criança está agressiva
– Na crise de raiva, contenha a criança. Se for preciso segurá-la, faça-o, mas sem violência. Dá, sim.
– Converse. Isso ajuda a fazer a criança falar sobre o motivo da raiva.
– Mostre à criança que você entende o sentimento dela e dê carinho.
– Se o comportamento agressivo permanecer, coloque-a de castigo.
Evite que seu filho recorra à violência para se manifestar
– Imponha limites, com firmeza e ternura. Não seja permissiva, achando que o filho pode tudo. Não pode, não!
– Dê o exemplo. Nunca resolva com palmadas. “É possível educar sem bater, usando castigo moral ou tirando coisas que lhe dão prazer por um tempo”, diz Maria Abigail.
– Reprima qualquer manifestação de violência. Explique a seu filho por que ele não pode agir assim. A paz melhora o mundo, já a guerra…
– Não seja autoritária demais. É melhor demonstrar afeto. Assim, a criança vai perceber a diferença entre os sentimentos de amor e ódio.
Veja as atitudes que fazem seu filho trocar a violência pela paz:
1. Gastar energia
Brincar ao ar livre, correr, praticar esporte. “Gastar energia ajuda a criança a extravasar esses sentimentos. Só ficar na internet atrapalha esse processo”, garante a especialista.
2. Brincar com a família
Jogar em família, como a brincadeira de varetas ou jogos de tabuleiro. Essa atividade faz com que ele sinta sua companhia e perceba que não precisa “aprontar” para conseguir isso.
3. Desenhar
Estimule-o a isso e, se ele for mais velho, sugira que tenha um diário. Colocar as emoções no papel ajuda a organizar melhor os pensamentos.
4. Saber esperar
Se ele é pequeno, faça-o perceber que você não está à disposição dele o tempo todo. Quando for maior, faça-o respeitar filas, por exemplo.
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5. Saber ouvir “não”
Não tenha medo dessa palavra! Quando o filho percebe que os pais perderam o controle, ele fica ainda mais agressivo. “Ele está pedindo limites”, diz Maria Abigail.
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Texto: Roberta Cerasoli
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