Um senhor de 60 anos, vestido com jaleco verde-limão e peruca arrepiada, causou furor em São Paulo na quinta-feira (21). Com o mesmo visual que o celebrizou na década de 1990, Paul Zaloom, intérprete do cientista Beakman, comandou uma palestra que misturou ciência, tecnologia e, como não poderia deixar de ser, muitas experiências com convidados da plateia.
À frente do “Mundo de Beakman”, programa de TV produzido entre 1992 e 1998 e exibido em 25 países, entre eles o Brasil, Zaloom angariou uma legião de fãs ao falar de ciência de um jeito descontraído, repleto de piadinhas e com experiências que as crianças podiam fazer em casa.
“Várias pessoas diziam que falar de meleca, flatulência e germes era vulgar. Mas eu discordo. As crianças estão interessadas nisso, em saber como as coisas do dia a dia delas funcionam”, disse Zaloom.
E, apesar de ser um programa infantil, mais de 50% da audiência nos Estados Unidos era de adultos.
“O humor, as piadinhas, as experiências. Tudo isso ajudava a romper a desconfiança e a aparência de que a ciência é uma coisa impenetrável. Especialmente para os adultos”, disse Zaloom, entre várias interrupções de fãs para tirar fotos e gravar vídeos.
Em sua primeira visita ao Brasil, ele participou do encontro de tecnologia Info@Trends, onde falou dos desafios de atrair o público para ideias que aparentemente são complicadas à vista.
“É preciso usar humor, criatividade para despertar o interesse”, diz o nova-iorquino Zaloom, que é ator e titeriteiro (opera marionetes).
“Eu não sou cientista, mas sei passar bem as informações científicas. Tanto o cientista quanto o artista têm que usar a criatividade para fazer seu trabalho e criar maneiras de resolver seus problemas”, comparou.
Zaloom arrancou risos do público ao fazer com que uma menina baixinha, usando apenas uma mão, impedisse um homem de mais de dois metros de levantar de uma cadeira.
“Ela só precisa colocar as mãos na cabeça dele. É uma questão de gravidade. Para levantar, nós precisamos disso. Dê um jeito simples de impedir o movimento e, bem, não importa o quão grandalhão ele seja.”
Depois da rodada de experiência, o ator tirou a caracterização do personagem e falou um pouco de suas experiências pessoas. Quase irreconhecível em suas roupas “civis”, Zaloom revelou sentir muitas saudades de seu companheiro de show, Mark Ritts, que dava vida ao rato gigante Lester.
“Ritts morreu de câncer em 2009, e eu ainda sinto a falta dele diariamente.”
Atualmente, Zaloom se dedica a projetos de humor, especialmente sátiras com temas políticos. A ciência, porém, não foi abandonada. Ele também tem um projeto para ensinar neurociência para crianças.
Além, é claro, de shows esporádicos como o personagem Beakman.
“Ele é muito simbólico. Não quero deixar isso morrer”, diz ele.
CONSULADO EM GREVE
Zaloom só fica um dia no país, mas diz que quer voltar, apesar das dificuldades para chegar ao Brasil.
“O consulado estava em greve, ninguém podia entrar. Foi quase um milagre eu ter conseguido pegar o visto. Mas, para isso, eu vim para cá praticamente sem dormir”, disse.
Vamos recordar um pouquinho, deste que foi um dos melhores programas já exibidos na TV Brasileira.
Para assistir ao vídeo, baixe o volume do player da rádio.
Parte 1
https://youtu.be/vXXvhqM50q8
Parte 2
https://youtu.be/B0oFb7vyUIU
Parte 3
https://youtu.be/ug5_Nbltdio
Fonte: Folha