Um homem saiu pelo mundo à procura da mulher perfeita. Depois de dez anos de busca, resolveu voltar à sua aldeia. Seu melhor amigo lhe pergunta:
– Encontrou a mulher perfeita em suas andanças?
O homem responde: – Ao sul, encontrei uma mulher linda. Seus olhos pareciam duas pérolas, seu cabelo era da cor da asa da graúna, seu corpo era lindo como o de uma deusa.
O amigo, entusiasmado, diz: – Onde está sua esposa?
– Infelizmente ela não era perfeita, pois era muito pobre… Aí fui para o norte e encontrei uma mulher que era a mais rica da cidade. Não tinha nem noção do poder e dinheiro que tinha.
O amigo: – Então ela era perfeita…
– Não – respondeu o homem -, o problema é que nunca vi criatura mais feia em toda a minha vida…
Finalmente, ao sudeste, conheci uma mulher linda. Sua beleza era de ofuscar os olhos; tinha dinheiro; era perfeita.
– Então você se casou com ela não é, amigo?
– Não, porque, infelizmente, ela também procurava o homem perfeito…
A perfeição é meta a ser atingida por todos; perfeição relativa, uma vez que a absoluta é atributo de Deus. O problema é que normalmente a procuramos quase sempre nos outros, quando na realidade deveríamos buscá-la em nós mesmos.
Se considerarmos que estamos em aprendizado vamos perceber com tranquilidade que todos possuem defeitos e virtudes. No entanto quase sempre realçamos excessivamente o que de negativo os outros possuem, e nos esquecemos de ver o que de bom neles existem.
Quando conseguimos enxergar o que os outros têm de melhor, evidentemente não esqueceremos o que de negativo existe neles, mas criamos em nós mecanismos capazes de lhes agigantar as qualidades, porque é exatamente isso que esperamos dos outros em relação a nossa pessoa.
Esta visão da vida, nos colocando em condições de igualdades, admitindo que também estamos longe de sermos perfeitos, nos fazem mais fortes em relação aos desafios de convivência que enfrentamos no nosso dia-a-dia e, assim, fazer a vida transcorrer de forma mais suave, livre das desavenças desnecessárias que só nos levam a sofrimentos perfeitamente evitáveis.
O fato de pensar que sempre somos melhores que o outro faz parte do orgulho que ainda predomina em nós, sentimento este próprio do estágio evolutivo que nos encontramos, e que estamos aqui justamente para vencê-lo. O egoísmo, sentimento de amor próprio exagerado que leva o homem a olhar unicamente seus interesses e desprezar o interesse dos outros é o pior mal da humanidade. Neutraliza todas as qualidades. Somente quando os homens estiverem livres do egoísmo que os domina é que poderão viver como irmãos, vendo-os como iguais.
Buscar o nosso melhor é meta a ser atingida. Ver o melhor do outro é virtude adquirida.
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.