Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) desenvolveram uma técnica que não apenas reduz o consumo de energia elétrica do chuveiro, como também aumenta o conforto do banho.
O método tem como fundamento aquecer não apenas a água do banho, mas também o ambiente do banheiro.
Banho com ar aquecido
Enquanto hoje somente a água do banho é aquecida, o método proposto pelos pesquisadores mineiros aquece também o ar em torno da pessoa.
Com o aquecimento do ar ambiente, a temperatura da água requerida para um banho confortável é menor, exigindo menor potência do chuveiro e, portanto, consumindo menos energia elétrica.
Segundo os pesquisadores, o aquecimento do ar ambiente requer menos energia do que a energia economizada pelo chuveiro, gerando um balanço energético final positivo, com um ganho superior a 30%.
A tecnologia pressupõe o fechamento total do box do banheiro, para que o ar quente não escape do seu interior.
Etapas do banho econômico
Com a nova tecnologia, um banho confortável teria três etapas.
Na etapa pré-banho, o usuário entra no box, fecha a porta e liga o sistema de aquecimento de ar, ajustando-o para uma temperatura à sua escolha – isso leva em torno de 1 minuto.
Na etapa do banho propriamente dito, após o ar ambiente já ter atingido a temperatura escolhida, o usuário abre a água e ajusta sua temperatura.
Finalmente, na etapa pós-banho, o box continuará aquecido pelo sistema de aquecimento de ar, eliminando aquela fase em que o usuário sente o impacto do rápido abaixamento de temperatura que ocorre quando o chuveiro é desligado.
Nesse caso, ele ficará aquecido até se enxugar e poder se vestir.
“Em uma residência pequena com quatro moradores, o chuveiro elétrico pode responder por até 45% do consumo de energia elétrica durante os meses mais frios e por cerca de 30% no período mais quente do ano, quando a potência do chuveiro pode ser reduzida,” explica o professor Marco Aurélio da Cunha Alves, idealizador do projeto.
“Em outras palavras, a economia de energia elétrica nos banhos, além de possuir variados benefícios para o meio ambiente, traz também economia financeira significativa ao consumidor, visto que pode reduzir bastante o valor da conta de luz no final do mês,” completa ele.
O ganho é suficiente para alimentar a geladeira da casa durante o mês inteiro.
Fazendo as contas
O professor Marco Aurélio mostra seus resultados em números muito precisos.
Ele lembra que a pesquisa Procel, feita pela Eletrobras, indica que o tempo médio do banho de um brasileiro é de 10 minutos.
Os modelos mais populares de chuveiro elétrico usados no país têm potência mínima de 3.000 Watts, na posição “verão”, e máxima de 4.500 W, na posição “inverno”.
Considerando os 10 minutos de banho, isso significa um consumo de 0,50 kWh nos dias mais quentes e 0,75 kWh nos dias mais frios. A proposta do pesquisador é aquecer o ar para evitar que o usuário use a potência máxima do chuveiro.
“Supondo um box com as dimensões de 1,10 x 1,10 x 2,10 metros, para aquecer o ar contido no interior desse box, de 15ºC até 32ºC, será gasta a energia de 0,015 kWh,” calcula ele.
“A economia de energia obtida com o banho com aquecimento do ar com relação ao banho convencional é: (0,75 – 0,515) kWh = 0,235 kWh. Em termos percentuais a economia é: (0,75 : 0,235 x 100)% = 31%,” conclui Marco Aurélio.
A Universidade já depositou o pedido de patente da tecnologia, e agora o pesquisador está conversando com parceiros da indústria para viabilizar sua colocação no mercado.
Fonte: Inovação Tecnológica