Uma espécie de parto virgem foi encontrado em vertebrados selvagens pela primeira vez, por pesquisadores americanos da Universidade de Tulsa, no Estado de Oklahoma.
Os cientistas encontraram fêmeas grávidas de víboras norte-americanas e analisaram geneticamente os filhotes, o que comprovou que elas são capazes de se reproduzirem sem o macho.
O fenômeno se chama partenogênese facultativa e só foi registrado antes em espécies criadas em cativeiro.
Os cientistas dizem que a descoberta pode mudar a compreensão atual sobre a reprodução animal e a evolução dos vertebrados.
Até hoje, pensava-se que era extremamente raro que uma espécie normalmente sexuada se reproduzisse assexuadamente.
Identificadas primeiro em galinhas domésticas, os “partos virgens” foram também registrados recentemente em algumas espécies de cobras, tubarões, lagartos e pássaros.
No entanto, tais nascimentos sempre aconteceram em cativeiro, com as fêmeas sendo mantidas longe dos machos.
Novidades evolutivas. Nascimentos virgens em vertebrados geralmente são vistos como “novidades evolutivas”, segundo o professor Warren Booth, que conduziu o estudo questionando a ideia, divulgado na publicação científica Royal Society’s Biological Letters.
Ele e seus colaboradores examinaram os nascimentos em populações de duas espécies de víboras norte-americanas já conhecidas e separadas geograficamente.
Em um dos grupos, uma em 22 cobras se reproduziu sem o macho. No outro, isso aconteceu com uma das 37 víboras.
“A frequência foi o que mais nos chocou. Isso quer dizer que entre 2,5 e 5% dos filhotes produzidos nestas populações podem resultar de partenogênese”, afirmou Booth.
“Isso é bastante para algo que é considerado novidade na evolução.”
Com ou sem sexo. Um parto virgem, ou partenogênese, acontece quando um óvulo cresce e se desenvolve sem ter sido fecundado pelo espermatozoide.
O fenômeno produz um filhote que tem somente o material genético da mãe e é relativamente comum em invertebrados como formigas, abelhas e pulgões.
A reprodução assexuada também acontece com algumas espécies de lagartos, mas ainda é rara em espécies vertebradas sexuadas.
Ainda não está claro se as víboras fêmeas escolheram ativamente se reproduzir desta forma ou se a partenogênese foi estimulada por outro fator, como um vírus ou uma infecção bacteriana.
No entanto, os pesquisadores dizem ser improvável que o mesmo aconteça também entre mamíferos placentários – cujos filhotes se desenvolvem em placentas dentro da mãe.
Isso porque os mamíferos dependem de um processo chamado carimbo genético para se reproduzirem, em que um conjunto de genes de um dos pais domina o outro.
A interação entre os dois materiais genéticos é essencial para que seus embriões se desenvolvam normalmente.
Fonte: Estadão