O Pálido Ponto Azul

No dia 14 de Fevereiro de 1990, tendo completado sua missão primordial, foi enviado um comando à Voyager 1 para se virar e tirar fotografias dos planetas que havia visitado.

A NASA havia feito uma compilação de cerca de 60 imagens criando neste evento único um mosaico do Sistema Solar.

Uma imagem que retornou da Voyager era a Terra, a 6,4 bilhões de quilômetros de distância, mostrando-a como um “pálido ponto azul” na granulada imagem.

Carl Sagan disse que a famosa fotografia tirada da missão Apollo 8, mostrando a Terra acima da Lua, forçou os humanos a olharem a Terra como somente uma parte do universo. No espírito desta realização, Sagan disse que pediu para que a Voyager tirasse uma fotografia da Terra do ponto favorável que se encontrava nos confins do Sistema Solar.

Posteriormente, em 1994, Carl Sagan lançou seu livro “Pálido Ponto Azul”, baseado nessa imagem da Voyager, onde faz uma profunda reflexão sobre o planeta. O livro também foi lançado em formato “Audio Book”.

Para assistir ao vídeo, baixe o volume do player da rádio.

Ótimo vídeo para estimular a reflexão.

 

Voyager 1 e 2

.

Inicialmente, o objetivo principal da Nasa era explorar os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, missão que foi concluída em 1989, mas a história reservava para as sondas algo muito mais importante e duradouro.
.
Lançadas nos meses de agosto e setembro de 1977, as sondas gêmeas Voyager 1 e 2 não são apenas um símbolo da exploração do espaço. Tornaram-se também ícones da cultura pop, inspirando novelas, jogos de computador, músicas, videoclipes e dezenas de filmes entre os anos 1980 e 1990. A maior parte desses trabalhos de ficção mostrava o que poderia acontecer se uma raça alienígena conseguisse localizar a Terra utilizando os dados dos famosos “discos de ouro”, levados pelas espaçonaves. 

Desde o início das explorações espaciais da Nasa, as naves levavam placas com informações sobre nosso planeta, que poderiam ser úteis no caso de serem interceptadas por uma raça alienígena. Isso inspirou o diretor do projeto Voyager, John Casani, a contratar o astrônomo e autor Carl Sagan, com o objetivo de dirigir o comitê de mensagens a ser embarcado na missão.

Os discos das Voyager continham uma seleção de sons e imagens e retratavam a Terra através de pessoas jovens e velhas, homens e mulheres entre outras espécies, além de incluir informações sobre os continentes e a localização da Terra no espaço.

.

Mensagem da garrafa

.

Em seu livro “Murmúrios da Terra: a viagem interestelar”, Carl Sagan descreve como o comitê criou o disco e como foram escolhidas as gravações. Foi o físico Frank Drake quem sugeriu a ideia de gravar sons de um lado e imagens do lado oposto. O grupo teve menos de seis semanas para produzir o trabalho que deveria representar toda a população da Terra e descrever o planeta de um modo geral, e que acima de tudo, também pudesse ser compreendido por uma raça extraterrestre.
Apesar da chance das mensagens virem a ser encontradas por seres de outro mundo ser extremamente pequena, o disco de ouro das Voyagers se tornou um ícone.
“É a clássica mensagem da garrafa. A probabilidade de ser encontrada é muito baixa, mas a recompensa não tem preço”, diz Ann Druyan, autora e produtora científica. Na época, Ann era diretora de criação do projeto e mais tarde se casou com Carl Sagan. 

Ed Stone explica que mesmo sendo pequenas as chances de ser encontrada, a gravação é uma importante mensagem para todos nós.

“É um apelo à unificação”, diz Stone. “Não é uma mensagem qualquer. É uma mensagem da Terra! Ela contém cumprimentos em muitas línguas, músicas de diversas culturas e imagens que retratam nosso planeta, nossa casa. É nossa tentativa de dizer o que é a Terra e o que pensamos de nós mesmos”.

.

Missão romântica
.
Druyan também explica que a ideia de mesclar música, arte e ciência a fez devotar muita energia ao projeto. “A gravação representava um ideal e mostrava que ciência, arte e tecnologia podiam caminhar juntas”. É uma das poucas grandes histórias que nós temos sobre a raça humana. Foi a forma que encontramos de celebrar a glória de vivermos nesse “Pálido Ponto Azul”.

 

“Essa foi a mais romântica e maravilhosa missão jamais realizada pela Nasa. Havia de tudo um pouco nas gravações: um beijo, uma mãe dizendo “Olá” pela primeira vez ao filho recém-nascido. Tudo é música e foi feito durante a Guerra Fria. Todos sabiam que haviam mais de 50 mil armas nucleares que poderiam ser disparadas a qualquer momento e havia muita dúvida sobe o futuro. Foi um trabalho muito positivo, um jeito de representar a Terra e dar um passo de qualidade em direção ao futuro. Foi irresistível”

.

Diga olá para eles!
.
Nick, filho de Carl Sagan, tinha seis anos em 1977, quando as gravações foram feitas. Ele participa de uma das faixas onde cumprimenta um possível ouvinte: “Olá das crianças do planeta Terra”. Anos mais tarde, Nick confessou que não tinha a menor ideia da magnitude do que estava fazendo. “Meus pais me colocaram na frente de um microfone e disseram: O que você gostaria de dizer aos extraterrestres? Diga olá para eles!”. 

Hoje em dia, 33 anos mais tarde, as Voyagers continuam sua jornada rumo ao desconhecido. Mesmo sendo infinitamente pequenas as chances de serem interceptadas por outra civilização, as mensagens e sua enorme distância deixam uma importante lição, no sentido de refletirmos sobre a necessidade de cuidarmos melhor da nossa própria casa, que a 17 bilhões de quilômetros, não passa de um distante “Pálido Ponto Azul”.

 

Ouça alguns sons do disco de ouro

  • “Olá das Crianças do Planeta Terra”
  • Um beijo e uma mãe dizendo “olá” ao filho recém-nascido.
  • Frase em Mandarim: “Esperamos que estejam bem. Pensamos muito em vocês, quando tiverem um tempo, faça-nos uma visita!”
  • Sons de grilos e sapos
  • Vento, chuva e ondas
  •  

    Fonte: Youtube ,

    Apolo11.com – Todos os direitos reservados