As adversidades da vida não podem ser consideradas maiores que as oportunidades. Sim, por que se as entendermos como motivos de crescimento espiritual deixam de ser problemas e passam a ser soluções.
Muitas vezes questionamos a justiça Divina quando nos sentimos prejudicados nos nossos interesses, pessoais esquecendo que tudo que nos acontece tem um fim útil e providencial.
Estamos neste mundo com objetivos estabelecidos pelo Criador de atingirmos a condição de sermos criaturas capazes de amar, servir, perdoar, entender, tolerar, enfim, nos esforçarmos ao máximo para nos aproximarmos da vivência dos ensinamentos de Jesus.
Na questão 132 de “O Livro dos Espíritos”, obra básica da codificação espírita, os espíritos disseram a Allan Kardec, que a encarnação é nos dada com a finalidade de alcançarmos a perfeição. Para uns, é expiação, para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm os indivíduos de sofrer todas as vicissitudes da existência corporal.
Na questão 133-a, ensinam que as aflições da vida são, muitas vezes, a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos.
Assim sendo, se sofremos não é porque Deus nos abandonou, mas sim por termos nos afastado do caminho do bem, único capaz de nos levar à felicidade.
Não devemos pois acusar Deus ou lamentarmos diante da dor, pois ela é fruto das nossas ações equivocadas e devemos aceitá-la com resignação. O sofrimento é inerente ao estado de imperfeição, mas atenua-se com o progresso e desaparece quando o Espírito vence a matéria. O sofrimento é um meio poderoso de educação para as almas, pois desenvolve a sensibilidade, que já é por si mesma, uma conquista do ser imortal que somos. Sob suas múltiplas formas, é o remédio supremo para as imperfeições e as enfermidades da alma. Da mesma forma que as doenças orgânicas são o resultado de nossos excessos, como a gula, por exemplo, as experiências morais que nos atingem são resultantes do orgulho e do egoísmo, as duas chagas da humanidade. Cedo ou tarde, essas faltas recaem sobre nós como verdadeiras lições a serem aprendidas a fim de não retornarmos aos mesmos erros.
Quando nos preocuparmos mais com a nossa espiritualidade do que com a materialidade, certamente nos aproximaremos mais da perfectibilidade a que estamos destinados, sendo mais felizes, ainda que vicissitudes, ou seja, alterações ou instabilidades surjam em nossos caminhos, compreendendo que as supostas adversidades desaparecerão na medida em que as enfrentarmos com altivez, sem lamentações e com sabedoria, pois Deus, que é Amor, não nos criou para o sofrimento, mas sim para a felicidade.
No livro Um modo de entender – uma nova forma de viver, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed, encontramos uma belíssima mensagem, lição 12, com o título “Sofrimento”, que exemplifica bem as considerações que estamos fazendo quando diz: “Eu não sou sofredor. Eu estou sofredor”. Ser e estar são angulações diferenciadas que influenciam sobremaneira o psiquismo na estrutura da alma em evolução. Sofrer é, portanto, um sintoma que indica que a causa sou eu mesmo, por isso devo renovar-me… Renovar é a meta. “Você é arquiteto do seu destino.”
Buscar em nós mesmos as forças para esta renovação é o desafio a ser vencido. Condições e capacidades para tal todos nós possuímos. Fazer a opção certa só depende da nossa vontade!
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.