Temos a orca, a baleia assassina, que pula da água para capturar presas no ar. Também temos aves marinhas, que circulam pelo oceano, mergulhando no ar para agarrar peixes dando sopa na superfície da água.
E daí temos o bagre que caça pombos.
Esse comportamento alimentar estranho do peixe foi testemunhado recentemente por biólogos franceses.
Bagres são normalmente o oposto de predadores ferozes. Arrastam-se no fundo dos lagos de água doce e rios, abrindo suas bocas planas para consumir crustáceos, vermes, peixes pequenos, e até mesmo uma ou outra rã.
Mas uma espécie não tão “inofensiva” de bagre anda predando pombos com uma eficiência assustadora no sul da França – uma visível indicação de que estes peixes são mais astutos e adaptáveis do que se imaginava.
Bagres e pombos
O estudo foi realizado por Julien Cucherousset e Santoul Frédéric da Universidade de Toulouse, na França. Eles observaram o comportamento desses peixes a partir de uma ponte sobre o rio Tarn, no sudoeste da França.
O que eles viram foi um choque completo: uma espécie parente do peixe-gato conhecida como siluro (Silurus glanis) estava se alimentando de aves, caçando-as com uma precisão incrível. Em alguns casos, estavam pegando as pombas na terra e arrastando-as para a água.
Ninguém nunca tinha observado um bagre (designação comum dada aos peixes da ordem Siluriformes) fazendo isso antes. O siluro é uma espécie nativa da Europa Oriental; ele foi introduzido pelos pescadores do rio Tarn no sudoeste de França em 1980, tornando-se uma espécie “invasiva”.
Sendo assim, o animal claramente “tropeçou” em uma oportunidade: graças a seu comportamento flexível, ele se adaptou a uma presa nova em um ambiente externo – e muito bem, diga-se de passagem.
Dos 45 comportamentos de “caça” observados, 28% resultaram em uma captura de sucesso. Essa taxa de sucesso de um em cada quatro é incrível para qualquer ataque predatório, quem dirá um que transcende a barreira entre água e terra.
Ao observar o peixe, os pesquisadores também notaram que ele só atacou quando os pombos estavam ativos na água. Pássaros imóveis, mesmo quando na água, foram deixados em paz.
Isso os levou a concluir que o bagre não estava usando sinais visuais para identificar os pássaros, mas sim que estava sentindo suas vibrações na água. Essencialmente, os pombos, por seus movimentos, provocaram os ataques contra eles.
Assista ao vídeo:
Fonte: Hypescience por [io9, TheWorld, Plos, TheWeek]