Em o Livro dos Espíritos questão 645, Allan Kardec, perguntou aos Espíritos Superiores: Quando o homem está mergulhado na atmosfera do vício, o mal não se torna para ele um arrastamento quase irresistível?
E os Espíritos responderam:
– Arrastamento, sim; irresistível, não; porque no meio dessa atmosfera de vícios podes encontrar grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir, e que teve, ao mesmo tempo, a missão de exercer uma boa influência sobre os seus semelhantes.
Esta resposta que os Espíritos deram, joga por terra toda e qualquer pretensão de se atribuir as causas da violência e dos crimes ao meio em que as criaturas estão inseridas.
O conceito de crime, do ponto de vista jurídico, embora tenha variado de acordo com o tempo e o lugar, evoluiu, na medida em que a humanidade avançou em conhecimento e moralidade. Contudo, do ponto de vista humano e espiritual, esse conceito jurídico traz limitações, pois restringe a compreensão do que seja crime somente àquelas condutas que são previstas nas leis penais como criminosas.
O crime não é o resultado somente da violação às leis criadas pelos homens, mas, e antes de tudo, fruto da transgressão às leis divinas. Existe um Código de Leis que está acima da compreensão acanhada do ser humano e da sua justiça quase sempre parcial. Esta legislação é imutável, uma vez que espelha a perfeição do seu Criador, Deus. Então podemos, com muito mais propriedade, afirmar que são passíveis de “punições” todas as transgressões as Leis Divinas. Desse ponto de vista, “crime” é sinônimo de “mal”, ação que decorre do estado de ignorância e de imaturidade do homem.
Partindo desde princípio, o da ignorância e da imaturidade, podemos concluir, que mesmo vivendo em um ambiente, onde tudo conspire para o mal, ainda assim é possível resistirmos a ele. Ao invés de seguirmos os “exemplos” dos que vivem a promover a desordem, e consequentemente transgredindo a Lei de Deus, se espelhar naqueles que são possuidores de grandes virtudes, pois temos capacidades, que se utilizadas para o bem, não nos permitirá o afastamento da lei maior, e assim se livrar de sofrimentos, quase sempre voluntários.
“ Deus deixa ao homem a escolha do caminho: tanto pior para ele se seguir o mal; sua peregrinação será mais longa. Se não existissem montanhas, não poderia o homem compreender que se pode subir e descer; e se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. O mal depende, sobretudo, da vontade que se tenha em fazê-lo e que o homem é tanto mais culpado quanto melhor sabe o que faz. Não é suficiente apenas deixarmos de fazer o mal para nos mostrarmos agradáveis a Deus, tentando assegurar uma situação futura. É preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer. “Não há ninguém que não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais ocasião de praticá-lo”. (LE).
Como dizia Albert Einsten: “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”.
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.