Um estudo realizado por linguistas do Canadá e da França indica que os bebês de sete meses já conseguem perceber a diferença entre estruturas gramaticais de idiomas distintos ao crescerem em famílias bilíngues.
De acordo com a pesquisa, os bebês, ao prestarem atenção na duração e no tom das palavras, percebem a estrutura de uma frase, incluindo verbo e objeto, em idiomas distintos.
Para tanto, eles usam palavras auxiliares como preposições e artigos, de pouco ou nenhum significado “como uma âncora para segmentar o discurso em trechos sinteticamente relevantes, dos quais a ordem básica de palavras de uma língua pode ser deduzida”, diz o estudo.
No teste foi estudada a compreensão que os bebês têm de línguas com estrutura verbo-objeto (como o inglês e línguas latinas) e línguas com estrutura objeto-verbo (como o japonês).
Preposições e artigos
As cientistas Judit Gervain, da Universidade Paris Descartes, da França, e Janet Werker, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, aplicaram testes em 24 bebês de sete meses “bilíngues”, expostos a duas línguas em casa, e 47 “monoglotas”, expostos a apenas uma língua.
As crianças ouviram várias frases e tiveram o comportamento monitorado, para verificar se elas tinham algum tipo de compreensão do que ouviam. O estudo, divulgado pela publicação científica “Nature Communications”, diz que os bebês monoglotas conseguem identificar a estrutura verbo-objeto ao identificar palavras auxiliares como preposições e artigos.
Crianças bilíngues foram submetidas a testes similares. O exame mostrou que há diferenças na forma como elas identificam os sons, mas os resultados finais foram parecidos. O estudo concluiu que elas conseguem identificar igualmente a estrutura das frases.
“Apreender a gramática em um ambiente bilíngue onde duas línguas tem a ordem das palavras de forma diferente, como o inglês e o japonês, é uma tarefa ainda mais desafiadora”, diz o artigo. “Os mecanismos que crianças bilíngues usam para resolver esse problema ainda é desconhecido.”
“Como a maioria da população mundial está exposta a várias línguas desde o nascimento, um melhor entendimento de seu desenvolvimento cognitivo pode ter impacto considerável nas políticas sociais e educativas no mundo”, diz o artigo.
Fonte: G1