Uma nova opção de tratamento contra o câncer de mama avançado deve ficar mais ao alcance das brasileiras.
Na semana passada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estendeu para essa doença a indicação do everolimo –droga já usada no país para outros fins.
A expectativa é que o remédio possa ser usado por 15% das pacientes com câncer de mama, doença que, segundo estimativas, atingiu 52 mil mulheres em 2012 no Brasil.
A Anvisa segue o entendimento de agências nos EUA e na Europa, que aprovaram em 2012 o uso do everolimo para pacientes na pós-menopausa com câncer de mama avançado, desde que o tumor seja hormonodependente –característica de até 70% do total dos casos.
Segundo Maira Caleffi, presidente da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), a droga é uma opção para quem teve metástase, fez tratamento com terapias hormonais, mas se tornou resistente às drogas.
“É uma grande arma e é uma droga oral”, diz ela.
Álvaro Caldas, gerente médico do Afinitor (única marca do everolimo, da Novartis), diz que um estudo com 724 mulheres identificou o impacto contra a doença.
“O everolimo mais que dobra a sobrevida livre de progressão da doença, e a paciente chega a ter uma redução do risco de recorrência da ordem de 55%.”
O medicamento e o tratamento hormonal que o acompanha custam R$ 8.000 por mês. Algumas mulheres vinham tendo acesso ao remédio por alguns planos de saúde e pela via da Justiça.
Esse foi o caso da advogada Laís Barbosa, 60, que ganhou liminar contra o Estado do Rio Grande do Sul na semana passada. Depois da primeira aparição do câncer, em 2003, a doença voltou em 2012 duas vezes em locais diferentes. Da segunda vez, começou a tomar o everolimo, obtido por doação.
“Em dezembro, fiz uma ressonância magnética do crânio e a melhora foi gritante. Daí saiu toda a vontade de lutar e pedir o remédio na Justiça”, conta ela.
Patrick Eckert, gerente-geral de oncologia no Brasil da Novartis, diz que a empresa deve encaminhar ao Ministério da Saúde, nos próximos dias, um pedido para que o uso do remédio seja incorporado à rede pública.
Fonte: Folha