Um mestrando da Unicamp (Universidade de Campinas) desenvolveu um aparelho digital capaz de indicar o local exato para a aplicação do anestésico em cirurgias de médio porte e de membros, como mãos e pés. Ele funciona como uma espécie de GPS, ou seja, avisa a proximidade do ponto da aplicação, para o anestesiologista, que antes só tinha equipamento caros, imprecisos e complexos
A anestesia é o pesadelo de todo mundo que precisa fazer uma cirurgia, seja simples ou complexa. Para reduzir riscos associados ao procedimento, um mestrando da Unicamp (Universidade de Campinas) desenvolveu um aparelho digital capaz de indicar o local exato para a aplicação do anestésico em cirurgias de médio porte e de membros, como mãos e pés. Ele funciona como uma espécie de GPS, ou seja, avisa a proximidade do ponto da aplicação, para o anestesiologista, que antes só tinha equipamento caros, imprecisos e complexos.
Uma anestesia errada pode gerar sensação de formigamento local, paralisia parcial da região e até perfuração do nervo em situações extremas. O equipamento emite sinais sonoros que o fazem o nervo se contrair, direcionando o anestesista.
Nos testes práticos – realizados pelo anestesiologista Francisco Carlos Pena Siqueira no Hospital e Maternidade Madre Theodora -, o resultado foi superior ao do método convencional.
Atualmente, os modelos existentes no mercado não são práticos, oferecem baixa precisão, além de necessitarem de um técnico acompanhando o anestesista para calibrar o aparelho. Outro problema é que o preço de alguns modelos é muito alto, cerca de R$ 4.000, enquanto o modelo criado pelo engenheiro eletricista Carlos Alexandre Ferri custou R$ 300. “Com o estimulador de nervos o procedimento foi dez vezes mais rápido”, disse o engenheiro eletricista.
O engenheiro explicou que o aparelho ajuda a posicionar a agulha da anestesia de forma correta. “Se a agulha é posicionada muito longe do nervo, uma dose maior de anestésico deverá ser utilizada para ter uma anestesia satisfatória, isso pode aumentar a reações colaterais.” Entre essas reações estão náuseas, mal-estar e dores de cabeça. Contudo, se a agulha é colocada muito próxima ao nervo pode ocorrer uma perfuração, que pode levar a um dano colateral, que pode ser temporário ou definitivo, como no caso de um rompimento do nervo.
Ferri, que criou o aparelho como parte de seu estudo de mestrado no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, disse que o equipamento é totalmente automatizado e controlado por um microprocessador.
O aparelho foi desenvolvido no laboratório do Centro de Engenharia Biomédica (CEB), sob a orientação do professor da FEEC Antônio Augusto Fasolo Quevedo, com financiamento da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e apoio da multinacional Freescale, que cedeu os microprocessadores do projeto.
Ferri venceu em outubro do ano passado um prêmio internacional promovido pela multinacional fabricante do microprocessador e o equipamento está sendo patenteado pela Agência de Inovação Inova Unicamp.
Como funciona?
Nas cirurgias regionais ou parciais, o anestésico é injetado próximo ao um conjunto de nervos para inibir a dor. O estimulador de nervos de Ferri estima a distância entre a ponta da agulha e o local a ser anestesiado, por meio de estimulação nervosa. A extremidade da agulha emite uma determinada corrente elétrica, que causa contração muscular visível. Assim, o profissional identifica o melhor local para infiltrar a solução anestésica.
Outro detalhe: o estímulo elétrico começa mais intenso e vai sendo reduzido automaticamente com a aproximação do músculo, o que era feito manualmente por outra pessoa na sala de cirurgia. Isso torna o procedimento mais rápido e seguro.
Fonte: UOL