Cientistas criam robôs que se comportam como formigas

Três robôs Alice seguem rastro de luz em experimento que simulou formigueiro

A formiga caminha com segurança e consegue se orientar pelo labirinto do formigueiros dando inveja a qualquer motorista que precisa de um mapa para se localizar em uma cidade. Tudo normal, caso a formiga em questão fosse um inseto, mas se trata de um robozinho de rodas e do tamanho de um torrão de açúcar. Os robôs-formiga foram criados por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de New Jersey, nos Estados Unidos, que simularam a capacidade de orientação das formigas argentinas ( Linepithema humile ), nas máquinas.

Na natureza, as formigas se locomovem e se orientam usando rastros de feromônios. No estudo as formigas foram substituídas por um enxame de robozinhos, chamado “Alices”. No lugar dos feromônios foram usados feixes de luz que podiam ser detectados por dois sensores que faziam as vezes de antenas.

“Os robôs usam a mesma lógica de navegação das espécies de formigas estudadas”, disse Simon Garnier, professor do departamento de ciências biológicas do Instituto de Tecnologia de New Jersey e autor do estudo publicado nesta quinta-feira (28) no periódico científico PLOS Computational Biology .

Garnier explica que no estudo que simulou um formigueiro havia dois caminhos possíveis do ninho ao local onde havia alimento, porém um caminho tinha o dobro do comprimento do outro. No início da experiência, quando não havia feromônio das formigas nem feixes de luz dos robôs, eles começaram a utilizar os dois trajetos de forma igual. Porém, as formigas que usavam o caminho mais curto chegavam mais rapidamente e, portanto, a quantidade de feromônio depositado no caminho mais curto era maior que no caminho mais longo. Com isto a rota mais curta passou a atrair mais formigas e o caminho mais longo foi abandonado. O mesmo aconteceu com os robôs, que logo passaram a usar o caminho com mais feixes de luz, abandonando o caminho mais longo.

Garnier lembra que como estas formigas são quase cegas e, ao navegarem, elas têm pouca noção sobre onde está o ninho. “É como se você estivesse preso em uma tempestade de neve tão pesada e não conseguisse ler os sinais ao longo da estrada ou descobrir onde devesse ir“, brinca Garnier. “A única informação que você tem são os rastros deixados por outros carros. Você pode segui-los como as formigas e os robôs fazem com o feromônio.”

Garnier disse que o intuito do estudo era apenas de compreender o comportamento das formigas, porém, essa “lógica das formigas” e de outros insetos é estudada por vários outros grupos de pesquisa, com o objetivo de desenvolver robôs capazes de cooperar em tarefas como, por exemplo, busca e salvamento, exploração e mapeamento de ambientes perigosos, melhoramento das cadeias de fornecimento.

Fonte: IG