Existe uma história antiga, muito interessante, sobre os deuses. Com medo que, se o ser humano fosse perfeito, e não precisassem mais deles, se reuniram para decidir o que fazer. O mais sábio dos deuses disse:
“Vamos dar-lhes de tudo, menos o segredo da felicidade”.
“Mas se os humanos são tão inteligentes, vão acabar descobrindo esse segredo também”, disseram os outros deuses em coro.
“Não”, responde o sábio. “Vamos esconder em um lugar onde eles nunca vão achar”.
“Vamos esconder dentro deles mesmos”!
Grande parte dos aborrecimentos que enfrentamos nesta vida está diretamente relacionado à forma como que encaramos os acontecimentos do dia-a- dia. Se enxergarmos aquilo que não nos agrada, apenas como empecilhos à nossa felicidade, a nossa reação será a de que estamos sendo punidos, quando na verdade poderíamos aproveitá-los para rever os nossos conceitos, em relação a nós mesmos e ao nosso semelhante.
Os sofrimentos deste mundo estão na razão das necessidades artificiais que criamos para nós mesmos. Aquele que sabe limitar os seus desejos e ver sem cobiça o que está fora das suas possibilidades, poupa-se a muitos aborrecimentos nesta vida.
Comentando a questão 921 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, diz que “o homem bem compenetrado do seu destino futuro não vê na existência corpórea mais do que uma rápida passagem. É como uma parada momentânea numa hospedaria precária. Ele se consola facilmente de alguns aborrecimentos passageiros, numa viagem que deve conduzi-lo a uma situação tanto melhor quanto mais atenciosamente tenha feito os seus preparativos para ela”.
Para atingirmos um equilíbrio em relação a isso é importante pararmos e refletirmos sobre nossas experiências vividas, entendendo que o mais significativo não é o que de fato nos acontece, mas sim o que fazemos com o que nos acontece. Tudo passa pela nossa leitura interior, ou seja, se acreditamos que a vida se resume no período que vai do berço ao túmulo, ou se somos espíritos imortais e que só nos tornamos infelizes em função da importância que damos às coisas deste mundo.
Diante disso, encontramos em O Evangelho Segundo O Espiritismo: “Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim”, exclama geralmente o homem, em todas as posições sociais. Isto prova meus caros filhos, melhor que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: “A felicidade não é deste mundo”. Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor, são condições essenciais da felicidade.
Assim sendo, podemos concluir que a felicidade está em nós mesmos, que é um estado de espírito.
Escondida? Talvez! Achá-la só depende de nós. Onde?
Como diz Augusto Cury: “Os milionários quiseram comprar a felicidade com seu dinheiro, os políticos quiseram conquistá-la com seu poder, as celebridades quiseram seduzi-la com sua fama. Mas ela não se deixou achar. Balbuciando aos ouvidos de todos, disse: “Eu me escondo nas coisas mais simples e anônimas…”
Boa procura a nós todos!
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.