Com um histórico familiar de drogas e abuso por parte de seu pai, Ryan Blair entrou cedo, aos 13 anos, no mundo do crime. Mas conseguiu sair para se tornar presidente de uma empresa avaliada em US$ 600 milhões.
“Pensei que iria para a prisão. Meus irmãos e irmãs já tinham ido. E eu costumava ser detido e ir para os centros para menores delinquentes”, conta Blair, que foi detido mais de 10 vezes, à BBC.
“O fundo do poço foi quando eu estava nestes centros de menores e vi ali um homem de uns 70, 80 anos de idade que acabara de ser condenado, porque eles misturam jovens a adultos quando todos vão a julgamento. Pensei que me tornarei aquilo.”
A partir daquele momento, sem ter uma solução à vista, Blair decidiu pedir clemência ao juiz, prestes a sentenciá-lo a quatro anos de prisão, o que, segundo o ex-menor infrator, o “teria condenado a uma carreira criminosa”.
“Escrevi a ele uma carta implorando por leniência e prometendo uma mudança em meu comportamento. E ele disse: ‘Ryan, você deveria estar escrevendo do assento de uma universidade. Essa foi a melhor carta de apelo que já recebi. Você deveria ser um escritor.'”
‘Tudo a ganhar’
E foi o que ocorreu. O juiz mostrou clemência, Ryan não foi para a prisão, teve uma oportunidade de trabalho através do namorado de sua mãe e acabou ingressando no mundo dos negócios.
Em 2011, lançou um livro que acabou entrando na lista dos cinco mais vendidos nos Estados Unidos, Nothing to Lose, Everything to Gain: How I Went from Gang Member to Multimillionaire Entrepreneur (“Nada a perder, tudo a ganhar: Como deixei de ser membro de uma gangue e me tornei um empreendedor multimilionário”, em tradução livre).
“Todo indivíduo quer fazer as coisas melhor. E as pessoas cometem erros toda hora. Mas a vida serve para isso, para que as pessoas tenham uma segunda chance. E aquele juiz me deu uma segunda chance. Eu aproveitei.”
Blair passou a dar palestras em prisões e casas de correção para menores e também para serviços de caridade. Ele afirma que o primeiro conselho que dá a menores infratores é para que se afastem das gangues na vizinhança onde moram.
“A melhor maneira de fazer isso é arrumando um trabalho de fim de semana, de preferência à noite, que é quando as gangues costumam agir. Então, é preciso ter uma atividade que afaste o jovem das gangues.”
Ele também aconselha que, assim que conseguirem guardar dinheiro suficiente, estes jovens deixem o local onde vivem.
“Recomendo que mudem para um lugar em que ninguém os conhece, em que as pessoas não sabem da má reputação que o jovem tem.”
Atualmente, Ryan Blair dirige uma empresa que produz comida para pessoas que precisam perder peso, avaliada em US$ 600 milhões.
Fonte: UOL