Dependentes de nós mesmos! – Valentim Fernandes

Num quarto modesto, o doente grave pedia silêncio. Mas a velha porta rangia nas dobradiças cada vez que alguém a abria ou fechava. O momento solicitava silêncio, mas não era oportuno para a reparação adequada. Com a passagem do médico, a porta rangia, nas idas e vindas dos enfermeiros; no trânsito de familiares e amigos, eis a porta a chiar, estridente. Aquela circunstância trazia ao enfermo e a todos que lhe prestavam assistência e carinho, verdadeira guerra de nervos. Contudo, depois de várias horas de incômodo, chegou um vizinho e colocou algumas gotas de óleo lubrificante na antiga dobradiça e a porta silenciou tranquila e obediente.

Quantas vezes não nos comportamos desta maneira diante dos acontecimentos da vida.? Acostumamo-nos com determinadas situações e não temos coragem ou disposição para reverte-las, ainda que a solução seja tão simples quanto o despejar de algumas gotas de lubrificante. Quantas vezes não “gritamos” quando o momento pedia silêncio e silenciamos quando podíamos “gritar”. A finalidade da vida vai muito além do apenas viver.

O Espírito Joanes, através da psicografia do conceituado médium Raul Teixeira, no livro Para uso Diário, nos faz a seguinte advertência:

“Seria muito belo se cada pessoa, principalmente as que ainda não encontraram sentido para as próprias vidas, resolvessem perguntar-se: o que é que posso fazer em prol do mundo onde estou? Ou, por outro lado: afinal, para o que é que vivo? Para quem é que eu vivo?”

Muito dificilmente não achará respostas valiosas, caso esteja, de fato, imbuída da vontade de conferir um sentido para a sua existência no mundo.

(…) Quando se encontram razões para viver, passa-se a respeitar e honrar as bênçãos da existência terrestre, o que converte cada momento em oportunidade valiosa para crescer e progredir.

A vida na Terra não precisa ser um ‘campo de concentração’ a impor-lhe tormentos a cada hora. Se você quiser, ela será um jardim de flores ou um pomar de saborosos frutos, após a sementeira responsável e cuidadosa que você fizer. Dedique-se a isso.

Isso nos mostra que precisamos sair da nossa zona de conforto, deixar de ficar “chiando” e partirmos para ação, que possa nos levar ao progresso espiritual, vencendo as más inclinações inerentes ao nosso estágio evolutivo.

Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, indagou aos Espíritos Superiores na questão 909 de O Livro dos Espíritos:

– Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações? E os Espíritos responderam:

– “Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

Em o Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos mais esta belíssima recomendação: “A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia”. – S. Luís. (Paris, 1859.)

O que significa por meio de uma ação material?

Por ação material podemos entender tudo o que fizermos para melhorar as condições do mundo que vivemos e consequentemente de nós mesmos. Vai desde as manifestações que se realizam neste momento em nosso país, quando pacíficas, que objetivam melhores condições de vida à sociedade, até o esforço individual de nos tornarmos melhores

Não percamos por tanto o nosso tempo e façamos a nossa parte, por que:

“O que for teu desejo, assim será tua vontade. O que for tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino.”( Deepak Chopra )

 

Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.