Reator de fusão nuclear começará a ser montado

Fusão nuclear

O maior projeto para o desenvolvimento de uma fonte de energia por meio da fusão nuclear começará a ser montado para valer.

Terminadas as estruturas civis básicas, começaram a chegar os primeiros dos cerca de um milhão de componentes necessários para a construção do reator experimental.

Há vários projetos tentando dominar a energia das estrelas, mas o ITER (Reator Internacional Termonuclear Experimental) é o maior deles.

Após os problemas iniciais de projeto e dificuldades em coordenar um projeto internacional sem similares, agora há menos desconfiança quanto ao cumprimento do cronograma, que está dois anos atrasado.

Desde os anos 1950, a fusão nuclear oferece o sonho da energia praticamente inesgotável. O objetivo é recriar o processo que gera a energia do Sol, usando como combustível duas formas de hidrogênio, os isótopos deutério e trício, ou trítio.

( Foto – Magnetos do campo poloidal do ITER. [Imagem: ITER] ).

Tokamak

O interesse no desenvolvimento desse tipo de processo se explica pelo uso de um combustível barato (os isótopos), pelo pouco resíduo radioativo que produz e pela não emissão de gases do efeito estufa.

Mas os desafios técnicos, tanto de lidar com um processo tão extremo quanto de projetar formas de extrair energia dele, sempre foram imensos.

De tão difícil de ser recriada artificialmente, críticos da ideia afirmam que a fusão nuclear “estará sempre 30 anos no futuro”.

O reator do ITER pretende colocar isso à prova. De um tipo conhecido como “tokamak”, o reator é baseado no JET, um projeto-piloto europeu, e prevê a criação de um plasma superaquecido, com temperaturas de até 200 milhões de graus Celsius, calor suficiente para forçar os átomos de deutério e trítio a se fundir e liberar energia.

O processo deverá ocorrer dentro de um enorme campo magnético em formato de anel – a única forma como um calor tão extremo ser contido.

O JET conseguiu realizar reações de fusão em pulsos muito curtos, mas o processo exigiu mais energia do que foi capaz de produzir.

No ITER, o reator está em uma escala muito maior e foi projetado para gerar dez vezes mais energia (500 MW) do que consumirá.

( Foto – Cerca de 420 toneladas de fios supercondutores de nióbio-titânio já foram fabricados – mais de 90% do total necessário. [Imagem: ITER] ).

Reatores do futuro

O orçamento total do projeto é incerto e tem variado, para cima, ao longo dos anos – hoje as estimavas estão em €15 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões).

Ainda que haja um cronograma bem definido para a entrega das peças mais importantes – algumas chegam a pesar 600 toneladas – , a divisão de sua fabricação entre os países membros provavelmente será motivo de novos atrasos.

Os planos atuais preveem os primeiros testes da fusão nuclear em 2020.

Partindo do pressuposto de que o ITER consiga realizar uma fusão que gere mais energia do que consome, o passo seguinte será a construção de um projeto de demonstração da nova tecnologia – o nome do ITER é “reator experimental”.

Depois que o protótipo funcionar, então poderão ser feitas as especificações para a construção dos primeiros reatores de fusão nuclear comerciais – ou seja, a crítica dos críticos, de que a fusão nuclear está sempre 30 anos no futuro, parece bastante otimista.

A não ser que outros projetos em andamento tenham melhor sorte.

Fonte: Inovação Tecnológica