Os pedidos de crianças que enviaram cartinhas ao Papai Noel dos Correios neste fim de ano incluem desde ingredientes para a mãe poder fazer um bolo de Natal até eletrônicos de última geração, como tablets e videogames. A campanha, que promove a “adoção” das cartas por pessoas, empresas e entidades interessadas em ajudar, teve cerca de 80 mil pedidos registrados apenas na Região Metropolitana de São Paulo. Até agora, por volta de 33 mil cartas já foram atendidas. Entre as restantes, os pedidos são dos mais variados. O prazo para participar termina nesta quarta-feira (18).
A preferência das meninas é por bonecas e por casinhas e roupas para elas. Já os meninos costumam pedir bolas, patins, patinetes e carrinhos de controle remoto. Também há pedidos de bicicletas, roupas, sapatos, mochilas e material escolar.
De uns anos para cá, têm aumentado os pedidos de eletrônicos como celular, computador, videogame e tablets, afirma o “Papai Noel” que participa da campanha na sede dos Correios em São Paulo.
“Começam a aparecer os eletrônicos, como jogos e computador. Eles querem estar antenados. Esses presentes são aqueles que geralmente demoram mais a serem adotados. O que tem de brinquedo mais simples, roupa, material escolar e alimento são mesmo os primeiros”, afirma.
Xbox, smartphone e Playstation
José Luiz, de 10 anos, por exemplo, pede o videogame Xbox 360. “Todos meus amigos têm e não me deixam brincar”, justifica o menino. Em sua cartinha, ele diz que seu pai não tem condições de comprar o aparelho. “Desde já tenho vontade de experimentar um, mas agora sei que o espírito de Natal não vem dos presentes, mas do coração”, escreveu.
Outra menina de 9 anos, Flau, pede um celular com tela sensível ao toque da marca Samsung: “Para variar, sei que é demais, mas minha mãe não tem dinheiro”, afirma.
Leandro tem 8 anos e quer mais de um eletrônico: um Playstation 3, o jogo GTA 5 e um computador “para trabalho de escola”. O menino aproveita para pedir uma série de presentes para seu irmão menor, como jogos de Lego, coleção do desenho Naruto, colchão e tablet.
Outros pedidos que chamam a atenção são os que não pedem coisas materiais. Um deles pede felicidade. “Quero felicidade para o mundo, principalmente para as crianças pobres, porque eu tenho uma cama quentinha e não passo fome, mas elas não têm o que eu tenho”, diz Julia em sua cartinha.
Há também crianças que querem remédios para tratar doença de um familiar, alimentos para a ceia de Natal ou ingredientes para fazer um bolo. “A cada ano, a gente tem alguns pedidos que são mais emocionantes. São aqueles em que a criança não pede brinquedo. Não está preocupada com ela mesma, mas com a família, quando pede emprego para o pai, por exemplo”, conta Wilson Abadio de Oliveira, diretor regional dos Correios de São Paulo Metropolitana.
Doações
A comerciante Sandra Agda Sampaio, que há quatro anos participa da campanha, mobilizando familiares e amigos, fez uma entrega de 40 presentes à sede dos Correios em São Paulo. As doações vieram de funcionários da empresa de seu filho. Mas, na ocasião, aproveitou para pegar mais cartinhas para adotar.
“Tem umas que não tem como deixar. A gente é meio que obrigada a levar, se não você vai ficar pensando nessa carta. Então estou levando mais algumas. É muito legal poder participar”, afirma Sandra. “Eu opto pelos presentes mais simples. Nem todo mundo pode dar tablet, essas coisas. Então a gente pegou mais roupa, cesta básica, brinquedos e bicicleta.”
A socióloga Regina Faria foi à sede dos Correios em busca de uma cartinha que sua neta havia visto e que pedia uma ceia de Natal. “Vim para dividir o pouco que tenho com quem tem menos. Acho mais fácil escolher os pedidos que generalizam”, diz Regina. “Não sou contra os jovens e adolescentes terem celular, tablet e laptop. Acho que é uma coisa desse momento do mundo e eles têm que ficar informados. Mas a gente não pode dar porque é um presente caro.”
As cartas enviadas pelas crianças ficam disponíveis em agências dos Correios. Depois de escolher uma cartinha, os interessados em presentear uma criança ficam responsáveis pela compra, embalagem e entrega do presente em uma agência. O transporte até a casa da criança é por conta dos Correios, sem cobrança de taxa de envio.
Fonte: G1