Uma equipe de químicos e engenheiros da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, conseguiu pela primeira vez fazer minúsculos motores circularem no interior de células humanas vivas.
O experimento segue uma linha de pesquisas inspirada no clássico da ficção científica “Viagem Fantástica”, no qual um submarino e toda a sua tripulação são miniaturizados e entram no corpo do criador da tecnologia para livrá-lo de um coágulo no cérebro.
Os experimentos, contudo, ainda são bastante primários – por enquanto, os cientistas só conseguiram miniaturizar os motores.
Já foram feitas diversas demonstrações de nanomotores, minúsculos foguetes que são impulsionados quando seu conteúdo reage com algum composto químico presente na solução em que são mergulhados – já foi feita até uma corrida de nanomotores.
A novidade agora é que o nanomotor dispensa as soluções especiais, geralmente tóxicas, o que permitiu que ele navegasse pela primeira vez no interior de uma célula viva.
Para isso, em lugar do combustível químico, os nanomotores passaram a ser acionados por ultrassom disparado externamente, o que lhes dá algum nível de controle.
Usos presentes e futuros
Quando as ondas ultrassônicas são acionadas, os nanomotores ficam circulando dentro das células, batendo nas paredes e voltando, agitando as organelas.
Segundo os cientistas, no estágio atual seus “robôs” podem ser usados exatamente como batedeiras em experimentos celulares, homogeneizando o conteúdo das células, ou causando a ruptura da célula de dentro para fora para algum tipo de observação.
“O movimento autônomo pode ajudar os nanomotores a destruir seletivamente as células que lhes engolir,” disse Tom Mallouk, líder da equipe. “Se você quer estes motores para buscar e destruir células cancerosas, por exemplo, é melhor que eles se movam de forma independente. Você não quer uma massa inteira deles indo em uma direção.”
Os experimentos já feitos com esse objetivo geralmente usam nanopartículas metálicas ligadas a um receptor capaz de grudar na parede das células doentes, quando então elas são aquecidas por um campo externo, matando as células.
A proposta da equipe é que as células “engulam” o nanomotor, que sairá em disparada e furará a célula, matando-a. Um teste desse tipo, contudo, exigirá o desenvolvimento de uma técnica para que o corpo descarte os nanomotores depois do uso.
O sonho, contudo, continua valendo.
“A aplicação dos nossos sonhos [dessa tecnologia] é uma medicina no estilo Viagem Fantástica, onde os nanomotores vão viajar dentro do corpo, comunicando-se uns com os outros e executando diversos tipos de diagnósticos e terapias,” disse Mallouk.
Fonte: Inovação Tecnológica