Cristal líquido fica “vivo” ao se juntar com bactérias

cristal-liquido-vivo-1

Depois de superados pelos LEDs nas telas, os LCDs parecem dispostos a dar a volta por cima, criando novos nichos tecnológicos.

Há poucos dias, abrindo caminho para seu uso na área biomédica, os cristais líquidos transformaram gotas de água em gemas lapidadas.

Agora essa tendência foi reforçada com o que os pesquisadores estão chamando de “cristais líquidos vivos”.

Shuang Zhou e seus colegas da Universidade de Kent, nos Estados Unidos, afirmam ter criado uma nova forma de “matéria mole” fazendo com que bactérias interajam com as moléculas do cristal líquido.

A expectativa é que este novo tipo de material ativo – tecnicamente um híbrido biomecânico – possa encontrar aplicações na detecção de patógenos e no diagnóstico de doenças.

Sensores biológicos ativos

O cristal líquido vivo se move e muda de formato em resposta a estímulos externos, o que o habilita a operar como um sensor.

E o sistema biomecânico como um todo – a junção de bactérias e moléculas de cristal líquido – armazena a energia necessária para viabilizar seu próprio movimento – é por isso que os cientistas o chamam de cristal líquido vivo.

A rigor, a mistura de bactérias e moléculas de cristal líquido é uma ferramenta incomparável de visualização dos microrganismos – a mistura permite que até o movimento dos flagelos das bactérias seja visto diretamente através de um microscópio óptico, dispensando as técnicas de microscopia eletrônica, que exigem que as bactérias sejam mortas e secas.

Mas, aparentemente, pode ser mais do que isso.

Segundo a equipe, é possível controlar e guiar os movimentos ativos das bactérias inseridas no cristal líquido manipulando variáveis como a disponibilidade de oxigênio, a temperatura ou o alinhamento superficial, gerando um novo conceito no campo dos sensores, os sensores biológicos ativos.

O cristal líquido vivo também pode servir de meio para amplificar reações que acontecem em micro e nano escalas, quando moléculas e vírus interagem, permitindo que esses fenômenos sejam visualizados opticamente.

“Tanto quanto sei, estas coisas nunca foram feitas sistematicamente antes da maneira que fizemos,” disse Zhou. “Há muitas aplicações em potencial para este tipo de material, mas algumas das mais imediatas são novas abordagens para o projeto de sensores biomédicos.”

Segundo ele, este trabalho é apenas “a primeira mão cheia de ouro retirada de um baú do tesouro que acaba de ser aberto. Há muito mais coisas a serem vistas.”

Fonte: Inovação Tecnológica