O sol de cada novo dia nos convida a “Recomeçar”

RECOMEÇAR –

Conta uma lenda que um grupo de vizinhos, pessoas residentes em um mesmo quarteirão, combinaram um churrasco comunitário. Convites feitos acertaram o local, a data e o que cada um levaria no tradicional, o que bebe e o que come.

Dia do encontro, no meio da confraternização, alguém se deu conta de que tinham se esquecido de convidar uma senhorinha que morava no final da rua.

O que fazer agora, pensaram eles? Resolveram então seguir em caravana até a residência da esquecida para se desculparem e conduzi-la até o churrasco. Quando lá chegaram a senhorinha agradeceu a lembrança e disse que era tarde para consertar o esquecimento, porque ela passara a semana inteira rezando para chover e estragar a festa, e que pelo jeito do tempo suas preces tinham sido ouvidas.

Será que nós também não nos comportamos desta maneira quando somos contrariados nos nossos interesses pessoais? Certamente já fomos em alguma circunstância preteridos, deixados de lado, vencidos, e, porque, não até humilhados.

Saber lidar com as perdas e os “esquecimentos” é uma arte. Normalmente vemos nesses momentos somente aquilo que nos interessa. Esquecemos que muitas vezes aquilo que  parece ser uma derrota ou uma perda é algo que pode nos levar ao amadurecimento e que ao invés de ficarmos “torcendo para chover” , devemos extrair daí um ensinamento.

Nas nossas preces temos o hábito de pedir ao alto que nos dê o melhor, quando na realidade deveríamos pedir justiça, ou seja, que nos venha aquilo que seja justo e não que sejamos anistiados de nossas faltas, mas que encontremos forças para superá-las. Atingindo este amadurecimento vamos entender que tudo o que nos ocorre tem um fim útil e providencial e visa o nosso aprimoramento espiritual.

Portanto, quando algo não sair do nosso agrado vamos procurar ver se conseguimos enxergar o que nos seja bom. Quantos pais e quantas mães já não choraram juntos de seus filhos a perda de um amor ?  Quantos filhos já não se trancafiaram nos quartos dizendo que não queriam ver mais ninguém, que queriam morrer só porque tinham terminado um namoro? E que tempo depois, após encontrar outro amor, nem se lembram mais do anterior?

Caro leitor, parece que é durante o dia que enxergamos melhor. Mas se não fosse a escuridão como enxergaríamos a beleza das estrelas? “Se você sofreu derrotas e contratempos, apenas se deterá se quiser. A Divina Providência jamais nos cerra as portas do trabalho, e se passamos ontem por derrotas e dificuldades em nossas realizações o sol de cada novo dia nos convida a recomeçar”. (André Luiz)

 


Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.