A sonda lunar chinesa lançada na sexta-feira da semana passada retornou neste sábado (1º) à Terra, com sucesso. Essa é a primeira missão não tripulada que o país asiático realiza à Lua, e com a qual se transforma na terceira nação a fazê-lo, após Estados Unidos e Rússia.
O veículo experimental, que apesar de não ter nome oficial, foi apelidado como “Xiaofei” nas redes sociais, aterrissou em Siziwang, na região autônoma da Mongólia Interior, na madrugada deste sábado, informou a agência oficial ‘Xinhua’.
Trata-se da primeira sonda desenvolvida pela China para retornar ao nosso planeta e que tem como objetivo testar as tecnologias de retorno, como o controle da navegação e o escudo de proteção contra o calor gerado pela reentrada na atmosfera, com a intenção de pousar na Lua e retornar no futuro.
As equipes preparadas na Mongólia Interior recuperaram o equipamento no local previsto para sua aterrissagem, a cerca de 500 quilômetros de Pequim.
Lançada na sexta-feira da semana passada através do foguete Longa Marcha 3C, a sonda chinesa atravessou 840 mil quilômetros durante sua missão de oito dias, na qual fez fotos “incríveis” de nosso planeta e da Lua, destacou a imprensa oficial.
Foguete Longa Marcha 3C, com a sonda lunar chinesa “Xiaofei” a bordo, lançado do ultimo dia 24/10 do Centro de Lançamento de Satélite de Xichang, na província ocidental chinesa de Sichuan (Reuters)
O processo de reentrada na atmosfera começou às 6h13 (horário da China), e o veículo experimental se aproximou da Terra a uma velocidade de 11,2 quilômetros por segundo.
Durante esse processo, foram cortadas as comunicações entre a Terra e a sonda, pois a alta velocidade produziu muito atrito entre o veículo e o ar e as altas temperaturas danificaram os sistemas de comunicação.
O engenheiro chefe do Comando Aeroespacial de Pequim e do Controle Central da missão, Zhou Jianliang, explicou que a sonda foi desenhada para que “pudesse rebater” durante sua reentrada na atmosfera para “diminuir a magnitude do choque”, como se “fosse uma pedra que lançamos rebatendo na água de um rio ou lago”, que vai moderando sua velocidade.
“Na realidade, é como quando você freia um carro: quanto mais rápido você está, mais distância será preciso para frear completamente”, disse Zhou.
Essa “rebatida” durante a reentrada na atmosfera era um dos desafios da missão, já que a sonda deveria entrar em um ângulo muito preciso para retornar com sucesso. Um erro de 0,2 graus poderia significar o fracasso.
“Esta bem-sucedida missão nos permitiu reunir muitos dados e adquirir uma base sólida para missões futuras”, destacou, por sua vez, Wu Yanhua, vice-diretor da Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria para a Defesa Nacional da China.
Os resultados obtidos servirão para o desenvolvimento da sonda Chang’e 5, prevista para 2017, e com a qual a China pretende pousar na Lua, recolher amostras e voltar à Terra.
As sondas Chang’e 1 e 2, lançadas respectivamente em 2007 e 2010, orbitaram em volta da Lua, enquanto a Chang’e 3 pousou na superfície lunar em dezembro do ano passado com o veículo científico Yutu.
A sonda Chang’e 4 foi desenvolvida como veículo reserva da Chang’e 3 e será readaptada para ser utilizada em experimentos que ajudarão no desenvolvimento da próxima sonda.
O desenvolvimento de tecnologias de retorno pode fazer com que China realize missões tripuladas à Lua no futuro. Os astronautas chineses, chamados de taikonautas, participaram de cinco missões ao espaço entre 2003 e 2013 a bordo das naves “Shenzhou”.
FONTE: Cavok por Agência Internacional de Notícias EFE, via G1 – ADAPTAÇÃO DO TEXTO: Cavok
IMAGENS: Reuters / Xinhua