Formado o primeiro médico indígena da história da UnB: superação

A UnB, Universidade de Brasília, diplomou o primeiro médico com origem indígena de sua história.

Índio, nordestino e pobre, como ele mesmo se define, Josinaldo da Silva, de 35 anos, enfrentou preconceitos, cara feia dos colegas, mas após sete anos de batalha, tem orgulho de dizer que também é médico.

Nos 12 semestres de curso, o médico índio foi ganhando respeito.

Mesmo com falta de dinheiro, não desistiu.

Muitas vezes, contou com a ajuda de amigos para comprar equipamentos de trabalho, como um estetoscópio.

Agora formado ele é uma esperança para o seu povo da etnia Atikum, e para outros indígenas da região dele.

“Me orgulho muito da luta que enfrentei para chegar até aqui. Hoje olho para trás e penso que nada foi em vão”, disse.

Chegar a UnB não foi nada fácil. Josinaldo da Silva percorreu mais de 1.800 quilômetros em uma peregrinação.

De Salgueiro em Pernambuco, terra natal, ele pegou um ônibus até Recife, onde fez o vestibular para a Universidade de Brasília.

De lá, teve que juntar dinheiro para vir de avião até Brasília.

Na capital federal, o indígena ainda contou com a ajuda de conhecidos pra conseguir hospedagem.

Após tantos anos, a família veio comemorar a conquista.

Ao receber o diploma, o doutor também ganhou um presente: um cocar dado pelo pajé, uma espécie de reconhecimento por todo o esforço dele.

“Só o pajé usa esse cocar. Então ele passou o cocar para mim no dia da colação de grau como símbolo de autoridade. Então eu não recebi só um diploma, eu fui consagrado pelo pajé da minha tribo.”

Josinaldo da Silva entrou para história da Universidade de Brasília por dois motivos.

Além de ser o primeiro indígena a se formar em medicina, ele também abriu portas para muita gente que tem o mesmo sonho que ele.

Após o ingresso dele no curso, outras dez pessoas de povos indígenas diferentes do Brasil conseguiram passar no mesmo vestibular.

Com um futuro pela frente, o médico sabe que trabalho não vai faltar.

A meta dele é ser médico do programa Saúde da Família.

“O meu anseio é continuar estudando por mais dois ou três anos e depois voltar pra minha comunidade. Quero dar assistência ao meu povo que desde que eu sai está, há sete anos, sem médico.”

Fonte: Só Notícia Boa com informações do R7.