Já a muito que as empresas vem se preocupando cada vez mais com acessibilidade ao fabricar seus produtos, bem como os, deficientes visuais, vem lutando por ela e obtendo hesito em diversas questões.
Hoje não é novidade um cego ou de baixa visão usar com autonomia um computador ou telefone celular, por exemplo, contudo, mais antigo que isso é o fato de cegos usarem instrumentos musicais eletrônicos como os teclados e baterias, gravadores digitais profissionais.
Contudo, será que nós, cegos, esquecemos de brigar por acessibilidade nesse assunto? Nunca vi uma tentativa de conscientizar as empresas que fabricam instrumentos musicais a colocar acessibilidade (Como fala e ampliação, por exemplo) em seus equipamentos.
E é por isso que iniciei um manifesto nesse sentido e escrevi o artigo que está abaixo. Peço que leiam com atenção, comentem e ajudem a divulgá-lo, principalmente o pessoal da imprensa, já que muito mais antigo que a façanha de um cego usar com desenvoltura pcs, iphones e celulares, é o fato de que eles usam instrumentos musicais, e, as vezes, instrumentos eletrônicos verdadeiramente complexos que, se tivessem acessibilidade, com certeza, seriam muito mais bem aproveitados.
Acessibilidade: Instrumentos musicais eletrônicos também
Olá caros amigos e leitores! Tudo bem?
Pois, comigo tudo.. Já a muito tempo venho com um problema no que diz respeito à acessibilidade e usabilidade, com o qual não consigo me conformar: Hoje os cegos tem acesso total e pleno à informática, nos mais diversos sistemas como linux, windows e mesmo sistemas apple; Mesmo equipamentos como celular, iphone e outros na área da comunicação já tem acessibilidade. Um cego, só para dar um exemplo, hoje em dia compra um iphone e basta dar três toques na tecla “home” e o sistema começa a falar dando acesso por voz a todas as funções, ou o cego pode pedir pra uma pessoa que enxerga ativar o leitor de telas, que também é possível e integrado. Mesmo nos computadores isso é possível, o próprio linux ubuntu por exemplo já vem com fala integrada em vários idiomas.. Mas eu fico pensando: E os instrumentos eletrônicos? Nunca ninguém levantou a questão que, também para eles, (E mais do que tudo), seria necessário incluir opções de acessibilidade?
Vou dar meu próprio exemplo: Tenho um teclado Yamaha, PSRS-900; Faz 5 anos que eu o tenho, e posso garantir que, até hoje, não uso nem 50% das funções dele! Um cego pra usar um teclado, além de decorar as funções (Todas que puder), ainda tem que “adivinhar” em algumas vezes o que aparece na tela e o que vai poder responder (Por exemplos perguntas do tipo se quer salvar o arquivo, se quer alternar sem salvar, etc)..
Então imaginem o seguinte: Empresas como a Yamaha, a Roland e outras que fabricam instrumentos eletrônicos poderiam fazer como fez o pessoal da Apple, ou da distro ubuntu, no caso do linux, e colocar fala integrada nos seus sistemas bem como sistemas de ampliação de telas para visão subnormal. Fazer um teclado especial para visão subnormal ou cegos totais, com sistema de fala e ampliação seria contraproducente, já que ou os cegos teriam que se limitar a comprar somente aquele modelo se quisessem ter acessibilidade, ou aquele modelo teria que ser fabricado exclusivamente pela (E para) a acessibilidade.
Contudo, se essas empresas fizessem como fez a apple, ou o pessoal da distro ubuntu, por exemplo, e colocassem a acessibilidade como pré-requisito básico em seus sistemas, um cego poderia comprar um teclado qualquer em uma loja por exemplo, e além de já sair tocando, fazê-lo já com acessibilidade, dependendo apenas de usar uma pequena combinação de teclas para a ativar.
Então, o que pretendemos com esse artigo e a manifestação que estamos fazendo nas redes sociais é conscientizar essas empresas de que, além de ter um grande volume de gente que usa seus equipamentos e que necessita acessibilidade neles (Como teclados, baterias eletrônicas, gravadores digitais e etc), ainda há uma grande necessidade de acessibilidade para esses equipamentos devido ao grande número de funções que os mesmos possuem e que, nem para todas, o antigo método da “decoreba” funciona.
Finalizo por aqui esse pequeno artigo então na expectativa de que os responsáveis nessas empresas que fabricam esses equipamentos (Como Yamaha, Roland, Zoon e outras) possam dar a devida atenção a nossa causa e que, em breve, eu venha a escrever outro artigo comemorando a solução deste problema e os avanços na acessibilidade também no âmbito dos instrumentos musicais..
Um abraço
Fernando de Paula Zamboni
Fernando de Paula Zamboni, tem, 32 anos e mora em Pelotas, RS.
É músico, faz Bacharelado em canto pela UFPEL, e também é técnico em informática, programador em delphi, tem formação em HTML e PHP. Além disso,tem curso de radialista locutor, apresentador, animador, anunciador e noticiarista, pelo no SENAC, em São Leopoldo, RS.
Devido a dificuldades durante a gestação, nasceu prematuro de seis meses, e teve de permanecer 42 dias na encubadora. Em conseqüência disso, teve um problema visual chamado fibroplazia retrolental. Ou seja: Fernando tem mais ou menos 5% de visão no olho esquerdo, e 0 no direito.
No entanto, desde pequeno, seus pais já lhe incentivaram a levar uma vida normal. Foi posto em escolas regulares, desde o tempo do jardim da infância até terminar o 2º grau.
Sempre teve uma grande inclinação para a música, desde os primeiros anos. Com cinco anos ganhou sua primeira gaita (acordeon), uma universal, 40 baixos. Com 8 anos começou a aprender a tocar.
Com nove anos, começou a estudar piano, e com dez, ganhou seu primeiro teclado. Aos catorze, começou a estudar técnica vocal.
Concluiu o 1º grau aos dezesseis anos, iniciando em seguida, o 2º, o qual, devido a algumas dificuldades, foi concluir quatro anos depois.
Em fim de 1996, teve seu primeiro contato com a informática, quando ganhou o seu primeiro Dosvox.
De imediato, devido a suas tendências em sempre querer conhecer o funcionamento das coisas, e devido ao fato de que num computador sempre temos cada vez mais o que descobrir, daquela época em diante chamou atenção as áreas técnica, (montagem e manutenção), e de programação. No início, foi autodidata, fazendo seu primeiro curso regular apenas em 1998, pela fundação Bradesco, onde conheceu o primeiro leitor de telas desenvolvido no Brasil, pela Micropower, o Virtual Vision, que permite a um cego usar plenamente o sistema windows, além do office, da internet e diversos outros programas.
Estudou linguagem Pascal e Clipper e com o tempo, se aprimorou também, na área técnica.
Em 2003, cursou no SENAC em parceria com a EST, radialista locutor, e iniciou, no segundo semestre de 2005, um curso de programador Delphi, o qual também já concluiu.
Em 2009, entrou para a Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, na qual cursa bacharelado em música, especialização em canto
Fonte: Blog do Fernando
Nota: Recebemos este artigo por email, e resolvemos colaborar com esta campanha, pois acreditamos que só através destas iniciativas possamos viver num mundo melhor e mais justo para todos.
Abraço, Equipe Rádio Alô.