Médicos voluntários levam atendimento especializado a comunidades indígenas

No decorrer da história os encontros entre os índios e os “homens brancos” foram marcados, principalmente, por disputas de interesses, lutas e perdas. No entanto, os Expedicionários da Saúde mostram que essa relação pode acontecer de maneira positiva e, acima de tudo, sem afetar os valores culturais indígenas.

A Associação Expedicionários da Saúde existe desde 2003, com o intuito de levar tratamento médico especializado às comunidades que habitam as regiões mais afastadas do Brasil. A ideia surgiu após um grupo de amigos médicos decidir visitar o Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, localizado no norte do Amazonas. Nesta ocasião, eles se depararam com comunidades indígenas que precisavam de atendimento médico. Ali mesmo, com o pouco material que tinham em mãos, eles ofereceram uma ajuda superficial, mas a ideia de fazer algo a mais permaneceu na cabeça dos viajantes.

Assim surgiria uma organização, sem fins lucrativos, que tem como único intuito levar um serviço de saúde especializado até as pessoas que habitam os locais mais afastados deste país. Em entrevista o médico e coordenador do projeto, Fabio Atuí, explicou que atualmente as expedições acontecem duas ou três vezes ao ano e que, além dos índios, os voluntários também são muito beneficiados por esta experiência.

“Ir pra lá é uma maneira de você reencontrar algo puro, aonde você faz aquilo que você sabe fazer e não recebe nada por isso, porque você o faz porque quer. É um relacionamento de humano para humano. É incrível”, declarou Atuí, sobre a troca de experiência entre a equipe de trabalho e os índios.

As expedições são planejadas com muita antecedência e cuidado, pois os expedicionários criam um verdadeiro hospital em meio à floresta. “A gente leva uma barraca de lona e equipamentos que pesam cerca de oito toneladas”, explica o coordenador. Com esta estrutura, os médicos são capazes de fazer operações como se estivessem em uma sala de cirurgia de qualquer hospital. Ele ainda explica que o trabalho feito ali dentro é igual ao trabalho que é feito nos grandes hospitais de São Paulo, de Nova York e de qualquer lugar no mundo.

As enfermidades mais comuns identificadas entre os índios são lesões oftalmológicas ou problemas relacionados ao fato de carregar muito peso, ambas causadas pelo estilo de vida comum aos nativos brasileiros. Os problemas de visão, como a catarata, acontecem, principalmente, pela incidência e reflexo do sol na água.

Atuí explica que as deficiências oculares acabam dificultando muito a vida do índio, que fica impossibilitado de enxergar para caçar, pescar e até mesmo se locomover pela floresta. Dessa forma, um dos momentos mais mágicos da expedição acontece quando os cirurgiões conseguem reestabelecer a visão de um dos nativos. “É maravilhoso. É algo que você não consegue imaginar. Na hora que você tira o curativo dele é uma coisa de pirar. Você não pode imaginar a felicidade dessa pessoa que volta a enxergar.

Fonte: CicloVivo