Pelo menos 45 mil pessoas participaram da homenagem a Renato Russo, feita neste sábado, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília: Renato Russo Sinfônico.
A plateia cantou junto com os músicos convidados, os maiores sucessos da Legião Urbana e percebeu que as letras, compostas nos anos 80, são muito “atuais”, nesses tempos de manifestações e protestos. ( Veja o show completo no final deste post )
A releitura das músicas de Renato Russo deixa uma certeza: pouca coisa mudou no Brasil dos anos 80 pra cá.
Veja:
“Nas favelas, no Senado, Sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição, Mas todos acreditam no futuro da nação. Que país é esse?”
“Nosso dia vai chegar, Teremos nossa vez. Não é pedir demais: Quero justiça, Quero trabalhar em paz. Não é muito o que lhe peço - Eu quero um trabalho honesto , Em vez de escravidão.”
“Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer?”
“Somos soldados, Pedindo esmola. E a gente não queria lutar”
“Brigar pra quê , Se é sem querer , Quem é que vai nos proteger? Será que vamos ter Que responder Pelos erros a mais Eu e você?”
“E João não conseguiu o que queria quando veio pra Brasília, com o diabo ter Ele queria era falar pro presidente Pra ajudar toda essa gente Que só faz sofrer”
“Vamos celebrar A estupidez humana , A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja De assassinos Covardes, estupradores E ladrões…
Vamos celebrar A estupidez do povo, Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo , E nosso estado que não é nação”…
O Show
Contextualizar tudo isso não foi difícil para os cantores e a plateia, ainda marcados pelas recentes manifestações populares.
No espetáculo “Renato Russo Sinfônico”, se apresentaram Alexandre Carlo (vocalista do Natiruts), que arrebentou interpretando Faroeste Caboclo, André Gonzales (do Móveis Coloniais de Acaju), Ainda é Cedo, DJs Criolinas, Ellen Oléria, Teatro dos Vampiros, Fernanda Takai, Ivete Sangalo, Monte Castelo, Jorge dü Peixe (do Nação Zumbi), Soldados, Luiza e Zizi Possi, cantando Pais e Filhos, Lobão, Perfeição, Sandra de Sá, Mais do Mesmo, e Zélia Duncan, Eu Sei.
Um espetáculo à parte foram as apresentações da violinista Ann Marie Calhoun, e de Hamilton de Holanda. Ela tocando Por Enquanto, e Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto. Ele solando Índios. Emocionantes pela técnica e sensibilidade.
Jerry Adriani, cantor que explodiu na época da Jovem Guarda, que tem a voz parecidíssima com a de Renato Russo, levantou a galera cantando Tempo Perdido e dando até uns passinhos à la Renato Russo. Veja:
Todos foram acompanhados simultaneamente pela banda de rock e os músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, sob regência do maestro Claudio Cohen.
Outro destaque que emocionou a plateia foi a presença do ex-baixista da Legião, Renato Rocha, que depois do sucesso com a banda foi morador de rua.
Depois do bis, quando os fãs pediram Que Pais É Esse, música que não estava no show, Renato Rocha improvisou brilhantemente, como só um profissional sabe fazer.
Puxou os primeiros acordes da canção, e acompanhado do guitarrista, fez todo o estádio cantar o rock de protesto de Renato Russo.
Lamentavelmente o público que estava nas arquibacandas reclamou da qualidade do som, que não dava para ouvir direito as músicas. Mas na pista a qualidade do áudio estava perfeita.
Veja o final, com todos os cantores interpretando juntos Será:
https://youtu.be/bACsay9WC3g
Holograma
O momento mais esperado ficou para o final do show, quando Renato Russo, surgiu como se fosse das estrelas, cantando no fundo do palco, em holograma, Há Tempos.
O cantor, morto há 17 anos, foi acompanhado pelos músicos e pela plateia, atenta, impressionada, tirando fotos e gravando a apresentação nas câmeras e telefones celulares.
A tecnologia do holograma, inédita no Brasil, foi utilizada apenas uma vez no mundo, em um show em homenagem ao rapper Tupac Shakur, no ano passado.
A projeção, ficou a cargo do produtor e diretor Mark Lucas, que já trabalhou com bandas como Pearl Jam e Red Hot Chili Peppers.
Veja como foi
https://youtu.be/b0DWjui-nl0
A produção do show foi do filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, pela Legião Urbana Produções.
“Escolhemos o Mané Garrincha porque foi o lugar onde houve o último show e teve aquela confusão. Esse evento, na verdade, era um sonho do meu pai, junto com o maestro Silvio Barbato. Infelizmente não foi possível realizar com ele em vida, mas agora estamos realizando essa vontade dele”, afirmou Manfredini.
História
O show aconteceu exatamente 25 anos e 11 dias depois da última apresentação da Legião Urbana em Brasília.
No dia 18 de junho de 1988, uma grande confusão se formou depois que a banda decidiu deixar o palco após 50 minutos de música.
Um fã invadiu o local de apresentação e agarrou o cantor no meio da música “Conexão Amazônica”. Antes disso, bombinhas e outros objetos foram atirados contra os músicos. Renato xingou o público e também foi xingado. No momento da confusão, ele gritou contra os policiais.
O público começou a promover um quebra-quebra e a entrar em confronto com a Polícia Militar. Mais de 50 mil pessoas lotavam o estádio na ocasião. Muitos acabaram entrando sem pegar.
Veja o Show completo: quase 1 hora e meia!
https://youtu.be/1sQlnnbpL_4
Fonte: Só Notícia Boa