O momento em que vivemos não nos deixa nenhuma dúvida quanto à necessidade de estarmos sempre atentos aquilo que acontece a nossa volta. Muitas vezes, preocupados única e exclusivamente com o nosso “eu”, nos enclausuramos em nós mesmos e não percebemos que precisamos rever conceitos e nos adequarmos para a atualidade, sem evidentemente, perder de vista a condição de que somos espíritos imortais a caminho da evolução.
Todos os dias somos bombardeados por uma série de acontecimentos que chocam os nossos sentidos, que muitas vezes achamos que nem deviam mais acontecer. Sem, às vezes, entender os motivos da criação, questionamos os porquês de tudo isso. Em o Livro dos Espíritos, na questão 196, Allan Kardec indagou dos Espíritos Superiores:
– Não podendo os Espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de crisol ou de depurador, por onde têm que passar todos os seres do mundo espírita para alcançarem a perfeição?
– “Sim, é exatamente isso. Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem; porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conforme os esforços que empreguem; somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas, atingem a finalidade para que tendam.”
Entender os motivos para o que aqui estamos, é de fundamental importância para melhor conviver com aquilo que acontece à nossa volta. Afinal, não estamos aqui de passeio, apenas para usufruir o que é bom ou se lamentar por aquilo que não nos agrada. Temos uma finalidade estabelecida pela criação. Voltemos ao Livro dos Espíritos:
– “Qual a finalidade da reencarnação?”
– “Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?” (Questão 167).
Da resposta dos Espíritos podemos concluir que, ao contrário do que muitos pensam que aqui estamos só para expiar, ou seja sofrendo as consequências dos nossos erros do passado, nossa tarefa é muito mais abrangente, porque temos que contribuir para o melhoramento do meio em que estamos inseridos.
Aprendemos ainda com a espiritualidade: “A humanidade progride por meio dos indivíduos que se aperfeiçoam pouco a pouco e se esclarecem; então, quando eles prevalecem em número, tomam a frente e conduzem os outros. De tempos em tempos surgem homens de gênio que lhe dão um impulso, depois surgem homens com autoridade, instrumentos de Deus, que em alguns anos fazem a humanidade avançar muitos séculos”.
Assim sendo, mesmo com as nossas limitações, podemos fazer algo em benefício da sociedade e consequentemente de nós mesmos. É só nos mirarmos nesses homens de gênio, que através dos seus exemplos mostram que é possível fazer o melhor, mesmo em meio às turbulências que o nosso mundo passa. Homens, ou seja, seres humanos, de gênio como Chico Xavier, Irmã Dulce, Divaldo Pereira Franco e mais recentemente o Papa Francisco que em sua visita ao Brasil nos deu várias demonstrações de fraternidade.
Muitas vezes esperamos tanto dos outros, que nos sentimos frustrados ou ficamos na expectativa que o outro aja exatamente como nós agimos. Precisamos nos conscientizar que as pessoas são diferentes de nós, que elas têm o direito de ver a vida e enxergar situações de uma maneira diferente da nossa, ou seja, adequar-se.
Não podemos esquecer que a melhor maneira de modificar o mundo é modificando a nós mesmos, deixando de lado os preconceitos e o radicalismo e viver com o desejo de fazer o melhor. Afinal, nos dizemos cristãos, e Jesus não excluiu ninguém, tanto que disse categoricamente:
Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.28-3)
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.