Saudade, amor e lealdade.
Há quatro meses, um cachorro, chamado Beethoven, espera pela volta do seu dono.
Quando nasceu ele foi abandonado numa favela. Infestado de carrapatos e tomado pela sarna o cãozinho dificilmente sobreviveria às doenças de pele espalhadas pelo corpo.
Por sorte foi recolhido e tratado por voluntários de uma ONG.
O lar veio quando o funileiro José Santos Rosa, morador da zona leste de São Paulo, quis ficar com o filhote.
Como era mestiço de labrador e rottweiler, e iria crescer bastante, ele acabou indo para a oficina e não para a casa de José.
O cãozinho, lembra a vizinha Margareth Thomé, 47, “achava que era gato”: escalava o muro da funilaria e andava sobre ele, espreitando, ansioso, a chegada do dono.
Por volta das 7h, o barulho do molho de chaves de Zé era a senha para Beethoven pular da cama e ir direto se sacudir no colo do dono.
Mas, desde o dia 8 de junho, depois de 4 anos, o silêncio e a tristeza tomaram conta de Beethoven.
Zé, de 54 anos, sofreu um ataque cardíaco e morreu, deixando a mulher, duas filhas e Beethoven.
‘SEMPRE AO SEU LADO’
“O cachorro ficou tão desamparado quanto elas”, diz Margareth.
A vizinha fez uma “vaquinha” para comprar ração, mas o apetite do cão, antes voraz, diminuiu bastante.
Ela pretende encontrar um novo lar para Beethoven, que hoje divide o teto com outros seis cães de rua, trazidos por um carroceiro que está “ocupando” a funilaria.
A família de Zé não tem condições de ficar com Beethoven, que foi para adoção.
Até hoje “quando ele ouve o barulho de chaves, vem correndo para o portão”, conta Margareth. “Acha que é o Zé.”
Autora de livros como “Um Cão pra Chamar de Seu”, a veterinária Regina Rheingantz Motta, 53, explica que Beethoven continua exercitando sua rotina “de encontros e despedidas de seu dono, mas ele ainda não aprendeu a incluir nela a morte”.
A persistência de Beethoven fez com que seus vizinhos enxergassem semelhanças entre o cão sem raça definida e a tocante história de Hachiko, o cachorro akita do filme “Sempre ao Seu Lado”.
Após a morte do dono, Hachiko continua indo “buscá-lo” na estação de trem, assim como Beethoven continua lá, às portas da funilaria, à espera do amigo humano.
Baseado em uma história real acontecida no Japão, o longa fez sucesso com Richard Gere no papel do professor, dono do cão, que morre, assim como o Zé, vítima de um ataque fulminante.
Mesmo calado e desolado, Beethoven continua fiel à guarda matinal à espera de Zé, todos os dias, às 7h.
A história é triste, sabemos, mas a saudade, o amor e a lealdade de Beethoven são uma lição para quem anda deixando seu melhor amigo de lado, por causa da correria.
Aproveita! Vai lá fazer um carinho nele agora! 😉
Fonte: Só Notícia Boa com informações da Folha.