Quando a sonda soviética Luna 3 enviou as primeiras fotos do lado escuro da Lua, as imagens mostraram que a face mais afastada do nosso satélite era notadamente mais esburacada do que o seu lado visível. A face que vemos aqui da Terra é recheada de grandes e rasas bacias. Um estudo publicado pela revista Science explica as imagens captadas do lado escuro da Lua, 50 anos depois.
Algumas teorias sugerem que as grandes bacias do lado visível da Lua foram causada por impactos de asteroides maiores em relação aos que atingiram o lado oculto. O estudo mais recente indica que essas bacias atuais não refletem com precisão o tamanho do impacto inicial, porque quando os choques ocorreram, no início da história do Sistema Solar, a face visível da Lua era mais quente e sua crosta teria derretido, produzindo grandes fluxos de lava que preencheram as crateras, transformando-as em bacias.
Com o uso de dados do Gravity Recovery and Interior Laboratory mission (GRAIL), da Nasa, os pesquisadores conseguiram medir o tamanho das bacias: o lado visível da Lua tinha oito delas, com mais de 320 quilômetros, enquanto o lado oculto possui apenas uma de tamanho semelhante. O estudo também aponta que ambas as faces do satélite foram atingidas por números semelhantes de asteroides. Contudo, elas seriam assimétricas por conta do impacto de outras pequenas rochas, que teriam mais facilidade em produzir bacias no lado visível da Lua.
Um fato que indica que o lado mais próximo da Lua seria realmente mais quente está na presença de isótopos radioativos, cujo enfraquecimento teria aquecido a rocha, de acordo com os pesquisadores. Contudo, não há consenso entre os pesquisadores sobre o que teria provocado a assimetria entre as faces da Lua. Uns defendem que um material rico em elementos radioativos subiu em uma pluma vulcânica gigantesca e formou uma bacia de magma, enquanto outros acreditam que houve a colisão de uma lua irmã, de cerca de mil quilômetros de diâmetro. Contudo, boa parte acredita que a Lua realmente sofreu algum tipo de intenso bombardeio de asteroides na era inicial do Sistema Solar.
Fonte: Seu History