Com apenas seis anos, Beatriz Martins decidiu que sua missão seria ajudar o próximo e fazer a corrente do bem se multiplicar.
Um dia, passeando de carro com a família, parou em um semáforo e viu crianças, como ela, pedindo balas para os motoristas.
Chocada, não conseguiu entender as diferenças sociais entre ela e os outros meninos.
“Elas [as crianças] estavam com roupas rasgadas. Perguntei ao meu pai por que estavam daquele jeito”, relembra, Bia, ainda inconformada com a cena.
O pai, Ricardo Martins, empresário, 39, explicou a ela as diferenças sociais. “Mesmo assim, eu continuava não entendendo, achava uma injustiça”, diz.
A cena não saiu da cabeça de Bia. Ela queria ajudar.
Apesar de não saber como isso poderia ser feito, passou quatro meses guardando toda bala, pirulito ou doce que ganhasse.
Quando chegasse o Natal, o plano era distribuir todos os doces na comunidade daquelas crianças do semáforo.
Surpreso com a atitude da filha, Martins chamou amigos, vizinhos, parentes e quem mais pudesse ajudar para recolher donativos para aquelas crianças.
“No Natal daquele ano, atendemos 600 crianças”, conta Bia.
Ela ainda não sabia, mas tinha acabado de fundar sua ONG.
Mais doações
Na Páscoa e nas próximas datas comemorativas, a menina também entrou em ação, atingindo mais 2.000 crianças em todo o Estado de São Paulo.
Não demorou muito para a iniciativa ganhar nome –”Olhar de Bia”– e se consolidar.
Hoje, com 13 anos e articulada como gente grande, Bia não para de multiplicar a corrente.
Ampliou sua assistência para além das comunidades, e passou a fazer ações em escolas e creches.
Em dezembro, enviou doações para as vítimas das fortes chuvas do Espírito Santo, que deixaram mais de 60 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Somente no último Natal, 22.187 itens, entre brinquedos, alimentos, aparelhos eletrônicos, roupas e livros foram distribuídos.
“A gente não faz só a ação, é um evento com trio elétrico, mágicos, brinquedos infláveis, tudo com voluntários”, conta a garota.
Em sete anos, a Olhar de Bia diz ter atendido mais de 100 mil brasileiros.
“As pessoas querem ajudar, não sabem como, e sempre vão deixando essa vontade para depois”, afirma.
Em sua casa, existem dezenas de caixas de brinquedos, roupas e cestas básicas, nas quais ela mesma faz a triagem e distribuição. Todo o material é recebido na porta de casa ou via contato telefônico. Na maioria dos casos, conta ela, são pessoas que a encontra nas redes sociais.
Futuro
A garotinha que já foi deputada federal mirim em Brasília, sonha em ser jornalista e lutar pelas causas sociais agora quer mais.
Ela pretende oferecer cursos profissionalizantes para jovens, criar parcerias com outras organizações para levar assistência odontológica a escolas da periferia e construir uma sede para a ONG.
“A intenção é que, lá na frente, depois de esse jovem ter passado pelo curso, ele ajude alguma família necessitada a partir do que aprendeu aqui.”
Com tudo arquitetado e um projeto escrito, ela busca apoio e espaço para pôr em prática a próxima etapa de seu sonho.
“A ideia é espalhar a sementinha, ajudando cada vez mais”, diz.
Fonte: Só Notícia Boa Com informações da Folha.