Em situações de alagamento, as formigas procedem a uma ação orquestrada que protege a maior parte da colônia. Elas se juntam, enroscando patas com patas, ou patas com mandíbulas, formando uma pequena “balsa”.
As larvas e as pupas sempre ficam embaixo, formando a base da embarcação. As operárias se distribuem ao longo da estrutura. Já a rainha ocupa o centro, exatamente no ponto mais protegido. A lógica dessa estrutura coletiva foi desvendada por pesquisadores da Universidade de Lausanne e da Universidade de Neuchâtel, ambas na Suíça. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (19) no periódico científico “PLoS ONE”.
À primeira vista, pode parecer que as larvas e pupas que formam a base da balsa são sacrificadas em benefício da comunidade. Porém, investigações mais aprofundadas mostraram que esses filhotes, na verdade, tem grandes chances de sobrevivência, pois conseguem boiar com mais facilidade do que os outros membros da colônia.
Os pesquisadores observaram que, na presença da água, as operárias começam a coletar larvas e pupas. Segurando-as com as mandíbulas, os filhotes servem de base para a estrutura. Outras operárias se empilham sobre o grupo e, quando o nível da água se eleva, as rainhas se movem para ocupar o centro da pilha. Quando a estrutura toda começa a flutuar, ela geralmente é formada por três a quatro camadas de operárias. O estudo foi feito em laboratório com a espécie Formica selysi.
A pesquisadora Jessica Purcell, da Universidade de Lausanne, explicou que se esperava que os indivíduos que formavam a base da balsa fossem os que mais sofressem mais com a estratégia. “Ficamos surpresos de ver que as formigas sistematicamente colocam os membros mais jovens da colônia nessas posições”, diz Jessica. “Mas experimentos adicionais revelaram que os filhotes são os membros que têm a maior capacidade de boiar da sociedade, e que a estratégia não diminui sua sobrevivência; portanto, a configuração beneficia o grupo a um custo mínimo”, diz.
Fonte: G1