Primeiro templo reúne sinagoga, mesquita e igreja

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Vem aí o primeiro edifício sacro do mundo a reunir, sob o mesmo teto, uma sinagoga, uma mesquita e uma igreja.
O templo multirreligioso, chamado House of One – Casa de Um Só – será erguido em Berlim, na Alemanha.

O início das obras está programado para os primeiros meses de 2016.
A construção será um teste de tolerância.

Na apresentação do projeto à imprensa, o pastor luterano Gregor Hohberg, o rabino Tovia Ben Chorin e o imane Kadir Sancio (nesta ordem na foto acima) ficaram lado a lado.

Num gesto simbólico, os três empilharam nas mãos três tijolos claros, o material com que será erguido o futuro templo.

“Cidade das feridas, cidade dos milagres” é como o rabino Ben Chorin define a capital alemã, local onde foi planejado o Holocausto, um dos maiores crimes contra a humanidade do século 20.

Os pais do religioso fugiram em 1935 da Alemanha para a então Palestina, e ele veio de Jerusalém para Berlim há seis anos.

Público jovem

Membros de outras religiões também serão convidados para os diferentes cultos na House of One.
Essa demonstração de abertura visa atrair, sobretudo, os jovens, que raramente são vistos nas igrejas cristãs.
Renovar sem confundir

O projeto de arquitetura sacra na capital é iniciativa da Comunidade Judaica de Berlim, do Seminário Abraham Geiger, do islâmico Fórum de Diálogo Intercultural e da Congregação Luterana das Igrejas de São Pedro e Santa Maria. Orçado em 43 milhões de euros, a intenção é que seja inteiramente financiado por crowdfunding (patrocínio público).

No site da House of One, em sete idiomas, qualquer pessoa poderá contribuir, comprando um tijolo.

“Nós não queríamos simplesmente construir uma igreja”, explica o pastor Hohberg. “A cidade se transformou. Gente de todas as confissões vive aqui e quer um lugar onde possa se congregar.” Por isso, as três religiões monoteístas vão projetar, construir e habitar juntas a nova casa.

“Mas não estamos à procura de uma nova religião e não queremos confundir nossas identidades”, acrescenta o imame Sanci.

Por sua vez, o rabino liberal Ben Chorin almeja um lugar para aprender sobre religião sem missionarismo, para discuti-la criticamente. Ele lembra que “a fala é mais lenta do que as armas”.

O “Um” da diversidade
Espaços multirreligiosos – ou ecumênicos – existem em outros lugares, como em aeroportos ou na Organização das Nações Unidas (ONU).

Em Berna, capital da Suíça, está sendo construído um centro com esse caráter. Mas a iniciativa berlinense é diferente: trata-se de um edifício sacro interreligioso.

O escritório de arquitetura Kuehn Malvezzi, de Berlim, foi quem venceu a concorrência internacional. Seu projeto pretende se destacar majestosamente na paisagem urbana, com uma torre de 32 metros de altura pairando sobre um cubo e uma cúpula central.

Cada uma das três religiões vai dispor de dependências próprias para seu culto, com dois andares – como de praxe nas mesquitas e sinagogas – ou apenas um – no caso da igreja.

“Nós voltamos bem atrás na história e constatamos que as formas originais dos locais de culto para cristãos, judeus e muçulmanos não diferem tanto assim entre si”, revela o arquiteto Winfried Kühn.

Uma questão, porém, permanece em aberto e sujeita a diálogo: “Quem é o ‘One’, o Deus único?”. A resposta do rabino Ben Chorin é bem direta e singela: “É alguém que criou a diversidade. Senão seria muito chato.”

Fonte: Só Notícia Boa com informações do DW