Se as ruas da cidade de São Paulo estão sobrecarregadas, os sistemas de transporte coletivo estão lotados e a malha cicloviária ainda é pequena, a solução pode estar nos rios. O projeto do hidroanel de São Paulo pode transformar os dois principais rios que cortam a capital paulista em canais navegáveis urbanos.
A visão pode até parecer surreal ou distante, mas os especialistas do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, acreditam que seja perfeitamente viável. O projeto ambicioso pode mudar radicalmente a lógica da cidade, deixando-a mais viva e sustentável.
Imagem: Divulgação/Metrópole Fluvial
Seguindo exemplos internacionais de rios que já foram considerados mortos, como o Reno e o Tâmisa, e hoje estão recuperados, trazer vida novamente ao Tietê, Pinheiros e outros afluentes pode influenciar positivamente diversos setores da economia. Os canais urbanos podem ser transformados no principal eixo de transportes de grandes cargas, aliviando as rodovias intermunicipais. Eles também poderiam ser usados para o transporte de passageiros e até para o turismo e esporte.
Imagem: Divulgação/Metrópole Fluvial
O plano, que foi apresentado pela projeto Metrópole Fluvial, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU) em 2011, é pensado para o longo prazo. Todas as vias propostas, incluindo a navegabilidade das represas, seria concluído em 30 anos. Mas, a mudança tornaria um dos maiores problemas da cidade em uma de suas melhores soluções.
Imagem: Divulgação/Metrópole Fluvial
Para o coordenador do grupo Metrópole Fluvial, da FAU, Alexandre Delijaicov, o projeto traria uma imensa gama de novas oportunidades de negócios. Segundo ele, os canais navegáveis de pequena extensão têm grande potencial econômico. Entre as possibilidades está o escoamento de cargas, como materiais de construção, recicláveis e hortifrúti. Mas, também estão as facilidades que o modelo forneceria ao setor publico, ajudando a reduzir os custos com a dragagem e despoluição dos rios, transporte de água e esgoto, entulho, lixo urbano, entre outras coisas.
Imagem: Divulgação/Metrópole Fluvial
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), uma barcaça pode transportar até 1.500 toneladas, enquanto uma carreta transporte apenas 26 toneladas. Mesmo com um potencial tão grande, os modais aquáticos ainda são pouco aproveitados no Brasil, onde 60% das cargas são carregadas através de rodovias. Em São Paulo o percentual de transporte feito por caminhões é ainda maior, chegando a 93%, de acordo com a FIESP.
Trazer novamente o rio para a vida das pessoas pode ser a chave para acabar com a poluição. Delijaicov explica que os rios paulistas não seriam poluídos hoje se a navegação não tivesse sido interrompida na década de 1930, após o Plano de Avenida ser executado. “Com a população tendo sua vida voltada para o rio, dificilmente ele ficaria poluído. Com o fim da navegação, os rios se tornaram canais de esgoto a céu aberto, emparedados por rodovias”, informou o especialista.
Imagem: Divulgação/Metrópole Fluvial
Fonte: CicloVivo