Novo teste torna mais segura detecção de doença em doação de sangue

Todo o sangue coletado no país terá de ser submetido a um teste mais eficaz na detecção dos vírus da Aids e da hepatite C a partir deste ano. O Ministério da Saúde informou na última segunda-feira (18) que a portaria que tornará o procedimento obrigatório será publicada em novembro. A tecnologia NAT será empregada tanto no sistema público de saúde quanto na rede privada.

Atualmente, apenas 25% das mais de 3,5 milhões de bolsas de sangue coletadas anualmente no país passam pelo Teste de Ácido Nucleico (NAT, na sigla em inglês), que consegue detectar os vírus mesmo que o doador tenha sido contaminado há poucos dias. Atualmente, o teste mais usado se chama Elisa. Hoje, 75% do sangue é coletado no serviço público e os 25% restantes vêm da rede particular.

O período de tempo em que os vírus, embora presentes no sangue, não são detectados pelos testes é chamado de janela imunológica. Essa é uma das causas principais de um resultado falso negativo, por exemplo. No caso da Aids, a janela imunológica atual, de 22 dias com o Elisa, cairá para 7 dias. Para as hepatites, esse tempo passará de 70 dias para 11 dias.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, a cada 150 mil transfusões de sangue feitas no Brasil, uma resulta na contaminação do receptor por HIV ou pelo vírus da hepatite C. Por isso, a testagem para esses dois vírus será priorizada. “Mas, até o final do ano que vem, incluiremos na portaria o teste NAT para hepatite B e dengue ou doença de Chagas”, disse o coordenador da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez.

Centralização

A testagem do sangue por meio do NAT será feita no Brasil de forma centralizada, em 14 centros nacionais. No Estado de São Paulo serão três polos: o Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Hemocentro de Ribeirão Preto, ambos no interior, além da Fundação Pró-Sangue, na capital.

Um teste NAT, norte-americano, custa cerca de R$ 140 por bolsa de sangue. No Brasil, porém, será usada uma versão nacional da tecnologia. “Conseguimos chegar a um custo 30% inferior ao praticado pela iniciativa privada”, disse Genovez.

O produto nacional é fruto de uma parceria entre a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), o Instituto Carlos Chagas, o Instituto de Tecnologia do Paraná e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná.

Fonte: UOL