Vegetais: desejo de alimentaçã0 saudável por vezes esbarra na falta de conhecimento sobre como conservá-los e prepará-los
O que deveria ser uma visão bela e inspiradora – uma cozinha cheia de produtos de época fresquinhos – às vezes intimida e gera ansiedade em muita gente. As pilhas de tubérculos e folhas podem arrasar qualquer pessoa que vê os pimentões multicoloridos começando a desenvolver manchas e a alface murchando. É uma corrida contra o tempo.
“Muita gente se sente meio sem saber o que fazer na cozinha e quando se depara com muitos produtos frescos, entra em pânico”, diz Ronna Welsh, uma chef do Brooklyn, em Nova York (EUA), que dá aulas, entre outros tópicos, de “gerenciamento de legumes e verduras”.
Há quem tire de letra o preparo de um frango assado inteiro ou a decoração de um bolo de três camadas, mas acaba se atrapalhando (e até errando) um simples prato de brócolis refogado.
Para ajudar os alunos a encarar legumes e verduras de uma maneira menos sinistra, Ronna começou a usar de um pouco de psicologia quando percebeu que cozinheiros menos experientes têm um senso muito forte de responsabilidade com os produtos frescos ‒ e se sentem culpados quando não tiram o máximo de suas qualidades.
Diante de tamanha ansiedade, o que fazer? Em sua escola, a Purple Kale Kitchenworks, Ronna aconselha os alunos a preparar os legumes e verduras no dia em que são comprados, descascando tudo e assando separadamente com azeite e sal.
“Se você misturar tudo, pode ter um excelente acompanhamento naquele dia, mas no dia seguinte já não estará tão gostoso e, no terceiro, vai querer jogar fora.”
Tente fazer as compras em etapas ou passe na feira no dia em que souber que terá algumas horas livres. Chegue em casa, ligue o forno e asse tudo o que puder de uma vez.
Com isso, a geladeira vai ficar cheia de ingredientes versáteis que podem ser transformados em outros pratos: molhos para massa, coberturas de pizza e saladas caprichadas, só para mencionar alguns. Crus, provavelmente eles vão apodrecer sem uso. Cozidos, são ferramentas práticas para ajudar no dia a dia.
Antes de comprar
Se não for possível preparar tudo com antecedência, Ronna dá alguns conselhos de ouro para ler antes de começar a entulhar a geladeira:
Retire os pedaços de plástico ou elástico que prendem os maços (quanto mais apertado o nó, mais rapidamente a verdura vai estragar)
Tire as folhas de cenouras e beterrabas, mas deixe uns 2,5 cm do talo para evitar que ressequem
Não guarde nenhum legume ou verdura em sacos plásticos a vácuo (ao contrário, faça pequenos buracos nos sacos, se necessário, para permitir a circulação de ar)
As folhas devem ser bem lavadas antes de armazenadas. Uma dica: encha uma bacia, coloque as verduras e deixe a sujeira acumular no fundo
Ervas e frutas delicadas como morango e o manjericão (inclua nesta lista todos os cogumelos) só devem ser lavados antes do uso, pois a água acelera sua deterioração
Legumes e verduras não devem ser guardados no mesmo lugar em que as frutas porque o etileno emitido pela fruta madura pode afetá-los
Algumas frutas com caroço como, manga e abacate (a cereja não), e outras como melão, pera e maçã seguem amadurecendo se deixadas na bancada. Tenha isso em mente ao pensar no quanto precisa comprar
Frutas como a uva, os cítricos e as frutinhas do bosque deterioram mais rapidamente
A banana não só amadurece mais rápido, como sua presença estimula a maturação das frutas à sua volta, por isso fique de olho na fruteira
Aprendendo a preparar
Um grupo vem usando sua dedicação e criatividade para tornar as receitas de legumes e verduras mais acessíveis: os autores de uma nova leva de livros de receitas infantis. Práticos, eles tratam os produtos frescos como gostosuras de sabor próprio e não algo que tem que ser compensado com um brownie ou disfarçado de coelhinho ou elefante.
Todo cozinheiro amador deveria ouvir o conselho sábio que Katie Workman, autora do livro de receitas “The Mom 100 Cookbook”, dá no começo do capítulo de legumes e verduras. Então aí vai: “Seus filhos não vão poder comer cenoura crua para o resto da vida”. Para ela, o uso moderado de gordura (bacon, manteiga, queijo, óleo) os torna muito mais gostosos, e ela tem razão.
Eles precisam de muito mais que um simples suquinho de limão por cima para ter o gosto realçado. Além disso, não há graça em vê-los apenas como fontes de nutrientes de baixa caloria, defende a autora.
Sua técnica básica é refogar uma cebola com um pouquinho de manteiga, acrescentar os legumes, tampar e deixá-los cozinhar no próprio vapor. E embora a maioria saiba que não se deve cozinhá-los em excesso, “as pessoas se esquecem de que o processo de cozimento continua, da mesma forma que ocorre com a carne”, ela explica. Em outras palavras, retire a panela do fogo antes de alcançar o ponto de cozimento desejado.
Fonte: IG