Simulações computadorizadas e análises de isótopos de diferentes elementos deram origem a uma nova teoria sobre a formação da Lua.[Imagem: Reufer et al.]
Impacto planetário
Cientistas propuseram uma ideia nova no longo debate sobre como a Lua foi formada.
Há um certo consenso de que algum tipo de impacto de outro corpo celeste teria liberado material da jovem Terra, e os detritos resultantes coalesceram naquilo que hoje é a Lua.
Mas os detalhes exatos do tamanho desse projétil cósmico e sua velocidade continuam sendo objeto de discussões.
Agora, pesquisadores estão sugerindo que o evento teria envolvido um corpo muito maior e mais rápido do que se calculava anteriormente para o hipotético planeta Téia (ou Theia).
Teoria da formação da Lua
Essas teorias precisam estar de acordo com o que já sabemos sobre a Lua, sobre os processos violentos que provocam a criação de luas em geral, e com o que as simulações de computador mostram sobre o ajustamento gravitacional que ocorre em seguida a um choque.
Nos últimos anos, as melhores estimativas sobre como a Lua se formou davam conta de que um planeta do tamanho de Marte, chamado Theia, movendo-se com uma velocidade relativamente baixa, teria se chocado contra a jovem Terra.
Isso teria aquecido os dois e lançado uma vasta nuvem de material fundido, material que teria resfriado e aglutinado, fazendo surgir a Lua.
Essa teoria sugere que a Lua seria feita de material tanto vindo da Terra quanto de Theia, materiais que deveriam ser ligeiramente diferentes um do outro.
Fatia da Terra
O que complica essa história é uma série de observações de “composições isotópicas” – os índices de ocorrência de variantes naturais de alguns átomos – colhidas da Terra e de amostras lunares.
Embora a Lua tenha um núcleo de ferro como a Terra, ela não tem a mesma proporção de ferro – e modelos de computador que dão suporte à ideia do impacto de Theia mostram exatamente a mesma coisa.
No entanto, a relação entre os isótopos de oxigênio aqui e lá é quase idêntica, e nem todos os cientistas concordam em como isso pode ter acontecido.
Para confundir ainda mais as coisas, cientistas relataram recentemente na revista Nature Geoscience que uma nova análise das amostras lunares trazidas pelas missões Apollo mostrou que a Lua e a Terra compartilham relações entre os isótopos do metal titânio estranhamente similares.
Isso, segundo eles, deu peso à ideia de que a Lua foi de alguma forma “fatiada” da própria Terra.
A colisão teria resultado em um disco de destroços muito mais quente do que o calculado até agora. [Imagem: Reufer et al.]
Raspão radical
Agora, Andreas Reufer e seus colegas da Universidade de Berna, na Suíça, fizeram simulações que sugerem uma outra possibilidade: a de que um corpo muito maior e mais rápido teria dado um golpe ainda mais radical na jovem Terra.
Eles afirmam que esse corpo teria perdido apenas uma pequena quantidade de material, e a maior parte dele teria seguido seu caminho depois do raspão com a Terra.
Isso teria resultado em um disco de destroços da colisão muito mais quente, mas combina com o que seria necessário para gerar um corpo do porte da Lua.
Os autores sugerem que, uma vez que a maior parte do que viria se tornar a Lua teria sido liberado da própria Terra, as semelhanças entre as proporções de isótopos devem ser mais acentuadas.
Mas uma coisa é certa: análises de diferentes elementos presentes nas amostras lunares – e maiores simulações de computador que resultem em uma lua como a nossa – serão necessários para decidir o debate.
Fonte: Inovação Tecnologica