Vivemos num mundo onde parece estarem todos desprovidos de sentimentos mais elevados. O que nos faz pensar assim é a ênfase que a mídia dá as notícias referentes aos atos de violência que ocorrem todos os dias, que devido ao nosso atraso espiritual dá mais audiência do que os programas que acrescentam algo ao ser humano.
Porém, ainda que de forma discreta, de vez em quando, aparece alguma coisa que pode nos chamar a atenção de forma positiva. Recentemente durante um noticiário a chamada para o outro bloco do programa disse: Cena dentro de delegacia emociona a todos os presentes.
A referida reportagem mostrava um jovem dando uma demonstração de amor ao próximo, presente somente nas almas mais sensíveis. Um taxista havia sido assassinado e os autores do crime, dois jovens, foram detidos. A mãe de um dos criminosos chorava desesperadamente em função do ato cometido pelo filho e era consolada amorosamente pelo filho do taxista assassinado, que a enlaçou nos braços e enxugava suas lágrimas com a ternura de quem acariciava a própria mãe.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, na mensagem o Homem de Bem encontramos a seguinte orientação:
“O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça”.
Encontra sua satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. “Seu primeiro impulso é o de pensar-nos outros, antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus.”
Embora não conheçamos o jovem que praticou este ato na sua essência, entendemos que a sua atitude naquele momento é a de um homem de bem, pois são nos extremos que demonstramos aquilo que realmente somos. Poderia ele estar até revoltado, no entanto, a sua atitude serve de exemplo aqueles, que por muito menos produzem atos de selvageria. Existem pessoas que não conseguem controlar as suas emoções, nem mesmo quando os seus times de preferência perdem duas ou três partidas seguidas, promovendo quebra-quebras e até partindo para agressões contra jogadores e dirigentes. Quanta diferença!
Num mundo onde demonstrações de elevação espiritual é exceção, quando deveria ser regra, perdoar parece coisa de fracos. Porém, só é realmente forte quem consegue lágrimas secar, ainda que esteja a derramá-las pela perda de um ente querido em condições tão brutais.
Exemplos como este eliminam qualquer argumentação de que falar é fácil, difícil é fazer. Se o jovem da reportagem que deu origem ao texto fez, todos nós temos condições de também produzir atitudes como estas, pois fomos criados por Deus em igualdade de condições e com as mesmas potencialidades. Fazer ou não fazer é que depende da vontade de cada um!
Valentim Fernandes. Reside na cidade de Matão e é espírita desde 1989. É presidente do conselho deliberativo e diretor de doutrina do Centro Espírita Allan Kardec. Realiza palestras nas cidades da região sempre abordando temas do Evangelho.