Cientistas da Universidade de Utah, nos EUA, criaram modelos matemáticos para tentar comprovar a teoria existente desde 1997 de que a presença das avós em uma família faz os seres humanos viverem mais que os macacos. O motivo seria o fato de que as matriarcas costumam ajudar a alimentar os netos após eles serem desmamados.
Com essa garantia, as mães podiam interromper o aleitamento mais cedo e ter outros filhos em intervalos menores. Além disso, as mulheres acabavam vivendo mais tempo após a última menstruação, porque as fêmeas ancestrais que viraram avós conseguiram passar adiante os genes da longevidade.
O estudo aparece publicado na edição desta quarta-feira (24) da revista “Proceedings of the Royal Society B”. Segundo a principal autora, Kristen Hawkes, esse tipo de estrutura social foi um primeiro passo para nos tornarmos quem somos hoje.
As simulações indicam que animais com a expectativa de vida de um chimpanzé evoluíram em menos de 60 mil anos para chegar ao tempo de vida humano atual. Fêmeas de chimpanzés, por exemplo, raramente sobrevivem após o período fértil – o que geralmente ocorre até os 30 ou 40 anos. Já as mulheres podem viver décadas depois da menopausa.
Os resultados da pesquisa mostram que os chimpanzés viviam, a partir do momento em que atingiam a vida adulta (aos 13 anos), mais 15. Com a evolução, pessoas em países desenvolvidos hoje atingem a idade adulta aos 19 anos e vivem em média mais 60.
Muitos antropólogos dizem que o aumento do tamanho do cérebro dos nossos antepassados primatas foi o principal fator que diferenciou a expectativa dos seres humanos da dos macacos.
A autora do estudo, porém, apresenta outra explicação: “Ter uma avó por perto nos tornou mais dependentes socialmente e propensos a dedicar atenção ao outro”, afirma Kristen. Isso serviu de base para a evolução de características claramente humanas, como a ligação entre casais, a tendência à cooperação, o aprendizado de novas habilidades e, como consequência, o tamanho do cérebro.
Fonte: G1