Ex-morador de rua se forma em pedagogia na Universidade de Brasília

A história de Sérgio Reis Ferreira impressiona pela seqüência de dificuldades, maus tratos e abandono que teve desde pequeno em Ipatinga, MG.

Um menino que não conheceu o pai, que apanhava da mãe alcoólatra, e que fugiu de casa, ainda criança, pra escapar da violência doméstica.

“Em casa ela (a mãe) passava a violência para mim. Eu apanhava muito. Um dia eu fugi e fui procurar abrigo. Fui adotado”, disse.

Nas creches, abrigos e orfanatos Sérgio encontrou mais violência. Fugiu de novo e foi morar na rua.

Na década de 90 o mineiro chegou ao Rio de Janeiro. Dormia na praia e na Igreja da Candelária.

Quando fez 18 anos veio para Brasília.

Escolheu morar em uma quadra da Asa Sul, que tem muitos restaurantes, para que pudesse receber sobras de comida.

O local fica perto de uma escola para jovens e adultos, onde Sérgio aprendeu a ler e escrever: fez o primeiro e segundo graus.

Como era morador de rua, e não tinha onde colocar os livros, ele enrolava o material escolar em sacos plásticos e guardava no chão, dentro de caixas de fiação elétrica.

Em 2006 passou no vestibular para pedagogia, na UNB, Universidade de Brasília.

“Eu queria mudar a minha história e dar uma guinada na vida. Queria usar a educação para me emancipar da rua. Eu acho que consegui isso passando na UNB.

Mas outro obstáculo estava por vir: vencer o preconceito na faculdade.

“Acho que a inclusão excludente foi a maior pedra no caminho. Estava dentro, mas não me sentia dentro”, desabafou.

“Eu tive que adequar minha forma de falar, de vestir e de reivindicar os direitos sem violência. Demorei um tempo para me adequar à universidade. A universidade não estava preparada para me receber”, lembra.

Durante os estudos Sérgio recebeu apoio financeiro e hoje vive em uma pensão.

Este mês, aos 34 anos de idade, o ex-morador de rua se formou em pedagogia e receberá o diploma dia 18 de dezembro.

O TCC, trabalho de conclusão de curso, foi sobre “as dificuldades dos moradores de rua do DF de se inserirem por meio de educação formal.”

Lá ele conta caso de amigos, um que conseguiu ser reinserido na sociedade e outro que continua nas ruas.

O trabalho recebeu menção honrosa da universidade (foto acima).

Sérgio Reis Ferreira, diz que foi com o estudos que conseguiu mudar sua história e tem nova meta: quer ser ministro da Educação antes de completar 70 anos.

Com informações do G1 e da Agência UnB.

Fonte: Só Boa Noticia