Você acha justo a maioria dos brasileiros sobreviverem com um salário mínimo de 622 reais enquanto os políticos ganham oficialmente 26 mil por mês, 40 vezes mais?
O presidente do Uruguaio não acha, por isso ele doa todo mês 90% do salário que recebe para caridade: pessoas pobres e pequenos empresários, e fica com uma renda igual à do povo.
José Mujica ganha 12 mil dólares mensais, cerca de 24 mil reais e fica com um ganho próximo ao da média da população uruguaia: perto de 775 dólares, ou 1.500 reais mensais.
Ele diz que se trata de uma questão “de liberdade”. “Vivi assim a maior parte da minha vida. Consigo viver bem com aquilo que tenho”, confessou Mujica em entrevista à BBC.
José Mujica, abdicou da residência oficial e continua vivendo na casa da família, nos arredores de Montevidéu, e aproveita o tempo livre para se dedicar ao cultivo de flores.
“Quanto menos posses tivermos, menos necessidade temos de trabalhar como escravos a vida inteira para as sustentar. Consequentemente, temos mais tempo para nós próprios”, afirma o presidente.
“Posso parecer um velho excêntrico, mas esta é uma escolha livre”, acrescenta ainda.
Depois de ter estado preso durante 14 anos, o presidente uruguaio confessa que a sua perspetiva da vida mudou e que, quando foi libertado, se tornou um homem diferente. “Chamam-me o ‘presidente pobre’, mas não me sinto pobre. Pobres são os que apenas trabalham para manter um estilo de vida acima da média e querem sempre mais”, aponta.
O líder, que segue uma alimentação vegetariana, acusa os principais chefes de Estado mundiais de sofrerem com uma “obsessão cega pelo desejo de aumentar o crescimento através do consumo exacerbado, como se a diminuição do crescimento fosse o fim do mundo”.
Apesar disso seu governo não conta com um apoio consensual por parte de toda a população uruguaia.
Populismo? Marketing pessoal? Tentativa de reeleição?
Há quem diga que não.
Aos 77 anos José Mujica não deve permanecer por muito tempo na vida pública.
Mas sua atitude pioneira de renunciar ao alto salário causa, no mínimo, constrangimento aos seus colegas políticos.
Mesmo que eles finjam não ver, ou não saber, e façam críticas.
Com informações da BBC, Por Rinaldo de Oliveira
Fonte: Só Notícia Boa