Cientistas anunciaram, em um estudo publicado na última segunda-feira (2), a descoberta das evidências mais remotas de fogueiras feitas por ancestrais humanos em uma caverna da África do Sul, sugerindo que a prática possa ter começado um milhão de anos atrás.
Até agora tem havido pouco consenso entre os especialistas sobre quando nossos primos pré-históricos começaram a produzir fagulhas para cozinhar e se manter aquecidos, segundo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
Pistas desta atividade foram descobertas na África, Ásia e Europa, mas até agora se acreditava que os sinais mais remotos de uso do fogo fossem de peças de cerâmica queimadas em Israel, datadas de cerca 700.000 a 800.000 anos atrás.
Fragmentos de ossos queimados de animais e ferramentas de pedra que parecem ser ainda mais antigos foram encontrados em camadas de sedimentos na Caverna Wonderwerk, na região norte-central da África do Sul, onde escavações anteriores mostraram um registro significativo de ocupação humana.
Os cientistas descobriram “cinzas bem preservadas de material vegetal e fragmentos de ossos queimados depositados ‘in situ’ em superfícies discretas e misturadas com sedimento” na caverna, sugerindo fogueiras pequenas e locais próximos à entrada, destacou o estudo.
Alguns fragmentos apontam para evidências de um descoloramento da superfície típico de uma queima controlada e não de um incêndio florestal ou qualquer outro evento natural, acrescentou.
“A análise atrasa a época de uso do fogo por humanos em 300.000 anos, sugerindo que ancestrais humanos tão remotos quanto o ‘Homo erectus’ podem ter começado a usar o fogo como parte de seu estilo de vida”, explicou o antropólogo Michel Chazan, da Universidade de Toronto, co-diretor do projeto.
O ‘Homo erectus’ é o mais antigo hominídeo remoto conhecido. Com pernas longas e cérebros grandes que lembram os dos humanos modernos, acredita-se que tenham começado a vagar pela Terra há 1,8 milhão de anos, muito antes dos neandertais.
“O controle do fogo teria sido uma grande reviravolta na evolução humana”, afirmou Chazan.
“O impacto do cozimento da comida é bem documentado, mas o impacto do controle do fogo teria influenciado todos os elementos da sociedade humana. Socializar em torno de uma fogueira deve ter sido um aspecto essencial do que faz de nós humanos”, acrescentou.
A equipe internacional de cientistas incluiu especialistas da Universidade de Boston, da Academia de Ciências e Humanidades de Heidelberg na Alemanha, da Universidade Hebraica de Jerusalém, da Universidade de Witwatersrand em Johannesburgo e da Universidade de Toronto no Canadá.
Fonte: Uol